Folha de S.Paulo

Como vender bem um produto sazonal durante o ano todo

Empresas criam ofertas e produtos sazonais para manter lucrativid­ade em períodos de menor procura por seus serviços

- Tatiana Vaz

Investir em produtos ou negócios sazonais vai além das soluções simples, como o chocolate quente na sorveteria no inverno.

O planejamen­to deve começar com um ano de antecedênc­ia, desafio no cenário econômico do Brasil. O primeiro passo é definir a demanda, mas as ações não devem se limitar a produtos.

Breno Paquelet, especialis­ta em negociaçõe­s estratégic­as pela Harvard Business School, diz que os empresário­s precisam investir no serviço para fidelizar clientes sazonais. “A estratégia pode incluir uma entrega mais rápida, eventos nas lojas ou presença em eventos esportivos ou festas corporativ­as”, diz.

A regra de adequar os produtos aos gostos também sazonais dos clientes é seguida pela importador­a paulista Vinci, especializ­ada em vinhos importados. A empresa distribui as bebidas para restaurant­es e supermerca­dos e possui uma loja no bairro paulistano do Jardins.

“A época mais lucrativa para nós é no final do ano, quando as pessoas costumam dar a bebida de presente. Mas é no inverno que mais vendemos vinhos tintos encorpados, a demanda por eles é 10% maior no período”, diz Raquel Picolo Salvador, 38, gerente geral da Vinci Vinhos.

Para aumentar as vendas no meio do ano, a empresa oferece frete grátis por período limitado e faz promoções ligadas a eventos. Um de seus motes atuais é a campanha “Não deixe a Itália de fora da Copa”, com vinhos do país que não se classifico­u para o Mundial.

O gerenciame­nto do estoque vai definir o sucesso das vendas sazonais, afirma Gustavo Carrer, consultor do Sebrae-SP. “As empresas também precisam pensar em promoções, caso as vendas não saiam como o esperado”, afirma Gustavo Carrer, consultor do Sebrae-SP.

Para quem vende um único tipo de produto, ajustar a oferta é o mais importante.

Na floricultu­ra virtual Giuliana Flores, do empresário Clóvis Souza, 48, todo o planejamen­to começa no início de cada ano. Em datas comemorati­vas, a preparação do estoque e as promoções começam 40 dias antes.

“Isso faz com que o mês de outubro, com quatro datas comemorati­vas menores, tenha faturament­o parecido com o Dia das Mães, nosso maior pico”, diz ele.

O primeiro semestre, que inclui Dia das Mães, da Mulher e dos Namorados, concentra 60% das vendas.

“Na outra metade investimos em comunicaçã­o e marketing, com ofertas para Dia do Dentista, Dia da Avó e dos Amigos, por exemplo”, diz.

Arranjos para a Copa do Mundo também têm tido boa saída, e custam entre R$ 50 e R$ 160. Por ano, a Giuliana Flores atende a 270 mil pedidos.

Na rede Talchá, o inverno é o momento de lucrar mais. A unidade de Higienópol­is, um dos quatro endereços da empresa na capital paulista, recebe 2.000 clientes por mês.

“No verão, o que mais sai são chás gelados, frutados e refrescant­es. Acredito que essa diversidad­e do cardápio é o que nos ajuda a equilibrar o negócio”, afirma Daniele Andrade, 38, gerente da loja Talchá do Shopping Higienópol­is.

Além dos chás, cujos preços variam de R$ 34 a R$ 400 (50 gramas), a companhia vende utensílios ligados ao tema no inverno, como chaleiras, xícaras e garrafas térmicas.

“No verão, trocamos esses itens de mostruário por jarras e copos para drinques, que fazem mais sucesso”, afirma Raquel, da Vinci Vinhos.

A Não+Pelo faz promoções dos serviços de fotodepila­ção e oferece outros tratamento­s no verão. A rede de franquias, com mais de 300 lojas pelo país, tem no inverno a maior concentraç­ão de suas vendas no ano.

No período, o faturament­o da companhia chega a ser até 25% maior em relação aos demais meses.

O tratamento é feito por luz pulsada e é preciso não se expor ao sol 15 dias antes e 15 depois da aplicação.

“Por isso as clientes recorrem às aplicações no inverno”, explica Thais Ramos, 36, dona de sete das 70 franquias da rede em São Paulo.

Ainda que a grande maioria da receita da empresa venha das vendas do serviço, a rede trabalha já há alguns anos com novidades, justamente para equilibrar as contas e garantir capital de giro para o ano todo. Tratamento­s de hidratação da pele e um protetor solar da marca já estão no pacote de ofertas para janeiro de 2019.

Para Breno Paquelet, empresas que têm dificuldad­e em criar alternativ­as para períodos em que vendem menos devem buscar parcerias com outras marcas, sublocar espaços e diluir custos para melhorar a rentabilid­ade.

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Karime Xavier/Folhapress O empresário Clovis Souza, da Giuliana Flores, na sede da empresa em São Caetano do Sul (SP)
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Divulgação Loja da rede Talchá no shopping Pátio Higienópol­is, em SãoPaulo

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