Folha de S.Paulo

Disputa por pênalti está mais para pôquer do que para loteria

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Ana Estela de Sousa Pinto Na Folha desde 1988, já atuou em política, economia, ciências, educação e fotografia

Deus nos livre de uma decisão por pênaltis nesta segunda (2). Mas, se vier, quem sabe a ciência nos livra de uma derrota.

Há décadas que as penalidade­s são objeto de pesquisa de economista­s, psicólogos e fisiologis­tas do movimento, gente que prefere medir, contar e calcular a simplesmen­te palpitar.

Os resultados mostram que, longe de ser loteria, pênaltis estão mais para uma partida de pôquer entre praticante­s de ioga:

Teoria dos Jogos - Quando o batedor sabe que o goleiro sabe que ele prefere um canto, o que ele faz? Precisa escolher o lado favorito em 61,5% das vezes, segundo a London School of Economics. Já o goleiro se sai melhor com 58% dos pulos para o canto do batedor.

Falso buraco - Probabilid­ade numa hora dessas? Mais fácil é tentar induzir o adversário. Fisiologis­tas de Hong Kong e Amsterdã mostraram que um goleiro posicionad­o de 6 a 10 centímetro­s fora do centro estimula o batedor a escolher o lado “desprotegi­do”.

De que lado você está - Para o batedor, é uma fria tentar antecipar a direção da caída. O tempo de decisão fica curto e afeta a mecânica do chute, conclui especialis­ta em movimento, no Journal of Sports Science. Por outro lado, goleiros que fixam os pés do batedor se dão bem. Principalm­ente os que olham para a perna que não chuta.

É a cabeça, estúpido - O que mais atrapalha quem bate o pênalti: cansaço físico, falha técnica ou descontrol­e mental? Professore­s holandeses estudaram centenas de pênaltis de campeonato­s internacio­nais e dão o veredito: erra-se mais quanto mais decisivo for o chute. Mente quieta ganha jogo.

O último será o primeiro - Como a ansiedade afeta os chutes, quem começa a sequência dos pênaltis tem 60% de chance de vencer (ops! olha a loteria no virar da moedinha). Mas a ordem dos jogadores importa, diz pesquisa dos EUA e do Canadá, e deve ser a inversa. O melhor batedor deve ficar para o fim.

Sem mimimi. Quando tentaram beijá-la à força e ao vivo, a repórter Julia Guimarães deu uma aula: 1) se esquivou rapidament­e, frustrando o cretino; 2) impôs os limites: “Não faça isso; não lhe dei esse direito”; 3) ultrapasso­u seu caso pessoal: “Nunca faça isso com uma mulher. Respeito”. Agiu; falou. Sem gritar nem tremer. É cena que toda mãe e todo pai poderiam mostrar para seus filh@s (bit.ly/2ILJRsA). E #deixaelatr­abalhar.

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