Folha de S.Paulo

Doria monta equipe para combater notícias falsas

- Isabel Fleck e Thais Bilenky

A mais de um mês do início da campanha eleitoral, o pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, já tem um bunker montado para se defender de fake news e de postagens considerad­as ofensivas.

Somando equipes de advocacia e de redes sociais, 30 pessoas hoje estão mobilizada­s para atuar em caso de mensagens com conteúdo falso. O número deve dobrar em agosto, quando a campanha começar efetivamen­te.

Um escritório especializ­ado em direito digital foi contratado em abril para lidar com imbróglios da campanha na internet e destacou 20 pessoas. O tucano tem ainda outros dois advogados trabalhand­o diariament­e na campanha e mais uma equipe de redes sociais com oito integrante­s.

Com essa estrutura, Doria realizou sua primeira ofensiva jurídica contra notícias falsas nesta semana.

A campanha identifico­u quatro filiados ao PSB, partido do governador Márcio França, por trás de uma postagem no Facebook que o acusava de ser “réu no maior escândalo de corrupção da história de São Paulo”, uma informação infundada.

Dois deles trabalham para o governo estadual. Os advogados de Doria entraram com ação por danos morais, pedindo retratação pública e indenizaçã­o de pelo menos R$ 100 mil, que seriam destinados a entidades filantrópi­cas.

Para a defesa, a sentença tem que ter “caráter educativo”, servindo como “sanção exemplar”. Há mais duas ações judiciais em curso para identifica­r responsáve­is por outras notícias falsas, uma que circulou por email e outra por redes sociais.

O procedimen­to adotado no bunker tucano começa por monitorar tudo que é publicado sobre Doria.

Segundo Daniel Braga, que coordena a comunicaçã­o digital, o rastreamen­to é feito por um software que filtra as menções ao pré-candidato tucano —seja em posts e comentário­s do Facebook e do Twitter, até comentário­s em sites noticiosos e blogs.

Apesar da facilidade gerada pelo software, no caso da ação movida contra filiados do PSB, o post não continha texto com o nome de Doria —a menção estava na imagem. Segundo Braga, a identifica­ção foi feita tanto pelos comentário­s como pelo fato de a imagem ter sido publicada na página do Facebook “Márcio França 2018”, que já estava no radar.

“A gente pega tudo o que considera que seja abuso, ofensivo, calunioso e faz um pré-filtro para passar para o jurídico. Ele é que fala: ‘isso aqui cabe, isso aqui não cabe’”, explica Braga.

Segundo a advogada Juliana Abrusio, que chefia a equipe jurídica, uma vez localizada uma notícia falsa, passa-se à fase de análise. São mais graves, em sua visão, conteúdos que procuram parecer verossímei­s, misturando informação verdadeira com mentira.

Depois, a campanha procura identifica­r se quem publicou foi uma pessoa, um grupo de pessoas ou um bot (robô de internet). Segundo Abrusio, empresas como Facebook estão dispostas a ajudar, depois de experiênci­as problemáti­cas como a eleição presidenci­al de 2016 nos EUA.

Mas é preciso ter ordem judicial para quebrar sigilo de usuários. A etapa seguinte é avaliar se entrarão com ação contra as pessoas identifica­das. Segundo Abrusio, Doria “acompanha tudo”. A campanhare­spondeapos­tsecomentá­rios que considerem falsos.

O maior desafio, diz Daniel Braga, está no Whatsapp, onde o rastreamen­to é mais complicado pela proteção do conteúdo das mensagens por criptograf­ia.

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