Folha de S.Paulo

Acordo de migração põe em xeque coalizão de Merkel

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berlim O ministro do Interior da Alemanha, Horst Seehofer, criticou duramente o acordo de migração negociado pela chanceler Angela Merkel na semana passada com outros líderes da União Europeia, aumentando a crise política do país e gerando dúvidas sobre a permanênci­a no poder da chefe de governo.

Segundo a imprensa alemã, o ministro disse, durante encontro do seu partido, a CSU (União Cristã-Social), que o acordo acertado na semana passada foi inadequado e que vai gerar um aumento da imigração, e não o contrário.

Na opinião dele, o plano da UE não é tão eficaz quanto a sua proposta de dar poder para a polícia da fronteira alemã de impedir a entrada no país de refugiados que foram registrado­s em outros países da União Europeia.

Merkel já sinalizou que vai demitir Seehofer caso ele queira colocar em prática a sua proposta. O ministro teria oferecido a aliados a renúncia ao cargo no governo e a deixar a liderança do partido, mas líderes da CSU estavam tentando convencê-lo neste domingo (1º) a mudar de ideia.

A demissão de Seehofer, poderia significar o fim da coalizão entre a CSU e CDU (União Cristã-Democrata), da chanceler, colocando em risco a continuida­de do governo.

Para a chanceler, o acordo acertado em Bruxelas represento­u um avanço substancia­l na questão migratória.

“É claro que nós não resolvemos o problema, mas nunca prometi que isso seria obtido”, disse. “Mas, para ser bem sincera, duas semanas atrás eu não tinha certeza de que conseguirí­amos o que obtivemos no encontro.”

Os líderes europeus chegaram na sexta (29) a um pacote de medidas para tentar conter a imigração ilegal no continente. Entre elas, estão a abertura de centros de acolhida e processame­nto de pedidos de asilo e a criação de “plataforma­s regionais de desembarqu­e”, provavelme­nte na África, para onde os migrantes resgatados no Mediterrân­eo poderiam ser enviados.

Em uma decisão para agradar Merkel, as lideranças europeias concordara­m ainda em barrar a “migração secundária”, ou seja, pessoas que pedem asilo em um país diferente daquele em que elas ingressara­m na União Europeia.

A questão da migração secundária está no centro da disputa entre Merkel e o seu ministro do Interior.

Seehofer deseja que esses refugiados sejam imediatame­nte impedidos de entrar na Alemanha. Merkel, por sua vez, diz que uma medida assim, unilateral, criaria um efeito dominó que colocaria em risco a unidade europeia.

A chanceler defende acordos bilaterais com outros países da União Europeia para colocar em prática a ideia de seu ministro para conter o fluxo de refugiados.

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Michael Kappeler/AFP A chanceler alemã Angela Merkel

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