Folha de S.Paulo

‘50 São os Novos 30’ é apenas comédia trivial

Apesar do talento da francesa Valérie Lemercier, que protagoniz­a e dirige o longa, roteiro é repleto de clichês

- Sérgio Alpendre

Na tradição das comédias populares francesas, “50 São os Novos 30” não traz nada de novo. Fala dos problemas de adaptação de uma mulher de 50 anos cujo marido a trocou por uma jovem de 32.

Essa mulher, Marie-Francine, é Valérie Lemercier, famosa comediante francesa que também assina a direção e o roteiro —a quatro mãos, com Sabine Haudepin. O marido, Emmanuel Doublet, é interpreta­do por Denis Podalydès, ator de múltiplos registros.

A revelação se dá logo no início e provoca um verdadeiro furacão na vida de MarieFranc­ine. Ela perde o emprego e a casa e vai morar com o pai mal-humorado e a mãe que a trata como uma criança. Para completar, suas filhas parecem respeitar mais o pai e a nova namorada do que ela.

Esses ingredient­es seriam passáveis, caso não aparecesse­m de maneira pobre, com tempo de esquete cômico de TV e diálogos rasos. É muito pouco para quem estreou na direção com o surpreende­nte “Quadrille” (1997), remake do clássico de Sacha Guitry.

Nos melhores momentos, Lemercier segue os trilhos de Jerry Lewis, como fica evidente nas cenas em que tenta vender algo na loja que os pais montaram para ela. Os clientes parecem estar sempre à beira de dizer impropério­s.

Um deles é Miguel (Patrick Timsit), cozinheiro de um restaurant­e na vizinhança. De alguma forma, houve uma potente interação entre os dois. Mas parte do carisma da atriz está na demora de sua personagem em se dar conta disso.

Como dito antes, nada de novo no front e clichês à beça. Mas há a tentativa de adaptação aos novos tempos.

A ex-namorada de Miguel, por exemplo, vai se casar com outra mulher, e isso é naturaliza­do, felizmente. A música de Portugal (país de Miguel) embala o filme em vários momentos, como um registro do boom turístico do país.

A se lamentar o estilo frouxo (ou o não estilo), com cortes desleixado­s e a câmera em qualquer lugar. Pior ainda que situações no terço final sejam completame­nte ilógicas.

Tudo isso faz com que “50 São os Novos 30” seja apenas mais uma comédia romântica trivial, apesar do talento de Lemercier como atriz.

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Esse é o quinto longa dirigido por Lemercier, famosa comediante francesa

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