Folha de S.Paulo

Turismo termal investe R$ 2 bi em Olímpia

Cidade paulista ganha em um mês três resorts que exploram as águas quentes e movimentam a economia local

- Marcelo Toledo

Sede de um dos parques aquáticos mais visitados do mundo, a pacata Olímpia, que viu sua vocação de ter águas termais ser descoberta por acaso, passa por um boom de investimen­tos em sua rede hoteleira que chega a R$ 2 bilhões.

Com 54 mil habitantes, a cidade, estância turística desde 2014, tem 19 mil leitos em resorts, hotéis, pousadas, flats e casas de veraneio. Apenas desde maio, foram entregues 1.440 suítes em três resorts.

O mais recente empreendim­ento é o complexo do Royal Thermas, com 960 apartament­os em dois resorts, cuja segunda etapa foi entregue no dia 22 de junho. O investimen­to supera R$ 200 milhões.

“O objetivo foi oferecer qualidade de hotelaria e Olímpia se transforma­r de fato em lugar turístico, não de bate-volta”, disse o diretor do grupo GR, Gustavo Rezende.

Oito em cada dez turistas são paulistas, metade deles da capital e região metropolit­ana, segundo a prefeitura. Em geral, os turistas são casados, têm filhos e idade entre 26 e 50 anos.

O resort, vendido no modelo de multipropr­ietários, tem acesso exclusivo ao parque aquático que originou a fama da cidade e diária em baixa temporada a partir de R$ 606.

Segundo Rezende, em julho, o grupo lançará um terceiro empreendim­ento hoteleiro, com mais 500 apartament­os e que custará R$ 100 milhões.

“É uma cidade muito valorizada e com espaço gigantesco para crescer”, disse.

O grupo Ferrasa inaugurou em junho o Hot Beach Resort Olímpia (484 suítes), que funciona no parque homônimo, com capacidade para atender 800 mil pessoas por ano.

O Ferrasa já tinha um hotel com 48 apartament­os e, em 2015, inaugurou o resort Celebratio­n (264 suítes). Agora, está construind­o o Hot Beach Suítes, com 442 apartament­os vendidos em frações.

No total, os empreendim­entos representa­m investimen­to de R$ 385 milhões, dos quais R$ 140 milhões no resort em construção atualmente. “O novo resort já está 85% vendido, e a previsão é inaugurarm­os em dezembro de 2020”, disse Sérgio Ney Padilha, diretor-executivo do Ferrasa.

O grupo goiano Natos, por sua vez, investiu R$ 815 milhões em dois resorts e prevê um terceiro, com aporte de R$ 500 milhões.

O Olímpia Park Resort, com 912 apartament­os (456 entregues), foi comerciali­zado em 11 meses e aberto em maio, enquanto o Solar das Águas Park Resort, com 1.000 suítes, deve entrar em operação em 2020.

“Olímpia é a bola da vez. O cresciment­o é sustentáve­l, com foco total na família. Temos cinemas, praça de alimentaçã­o, espaço kids, piscinas, spa e academia para que a pessoa se sinta bem”, disse o CEO Rafael Pereira de Almeida.

Segundo ele, o sistema de venda fracionada permitirá que, no resort em construção, um apartament­o seja dividido por até 26 proprietár­ios.

As 3.648 cotas, com preço a partir de R$ 35 mil, estão vendidas há três anos.

Dados da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) mostram que Olímpia ficou em segundo lugar no ranking das cidades mais desenvolvi­das do país.

Para entender a história do turismo local é preciso visitar o passado. Na década de 1950, quando inaugurada, a Petrobras perfurou poços em busca de petróleo no país, um deles na cidade paulista. Só encontrou água quente.

Resolveu então doar ao município, segundo o prefeito Fernando Cunha (PR), que avalia o fato como benéfico. “Petróleo acaba, água não.”

Só nos anos 1980, com a abertura do parque Thermas dos Laranjais, o turismo começou a se desenvolve­r impulsiona­do pelas águas quentes. Hoje, o parque recebe mais de 2 milhões de visitantes por ano.

Em locais como o poço do Hot Beach, a água é captada do aquífero Guarani com temperatur­a de 50ºC e precisa ser resfriada para chegar às piscinas com temperatur­a média de 32ºC.

Como principal atividade econômica, o turismo movimentou R$ 250 milhões na cidade em 2017.

O setor de serviços representa 67% da economia local.

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Joel Silva/Folhapress Parque Thermas dos Laranjais, inaugurado nos anos 1980, impulsiono­u turismo de águas quentes em Olímpia

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