Folha de S.Paulo

Nos EUA, ter iPhone é indicativo de riqueza em 70% dos casos

Ter produtos da Apple, passaporte e viajar pelo país indicam que a pessoa é rica, segundo pesquisa americana

- Danielle Brant

Ter um iPhone era o melhor indicativo de que um consumidor pertencia ao clube dos mais ricos dos Estados Unidos em 2016, de acordo com estudo publicado em junho pelos economista­s Marianne Bertrand e Emir Kamenica.

Ambos são professore­s da universida­de Chicago Booth School of Business e fizeram a pesquisa para identifica­r se houve mudança nos padrões de consumo nos EUA ao longo dos anos.

Há dois anos, ter algum dos produtos da Apple —um iPhone ou um iPad— era um forte indicativo de que o consumidor fazia parte do seleto grupo de alta renda nos Estados Unidos.

Segundo os pesquisado­res, saber se alguém tinha um iPad em 2016 permitia supor corretamen­te se ele estava no quartil superior ou inferior das faixas de renda em 69% dos casos.

“Ao longo de todos os anos em nossos dados, nenhuma marca individual foi tão indicativa de pertencer à alta renda do que ter um iPhone da Apple em 2016”, afirmam os economista­s no estudo.

O objetivo do trabalho era medir a extensão da distância cultural ao longo de vários grupos americanos no tempo. Foram analisados recortes por renda, educação, gênero, raça e ideologia política. Os dados foram compilados do MRI, indicador de consumo.

Para ser considerad­o como integrante do quartil superior de renda, era preciso ser um adulto solteiro ou casal sem filhos, por exemplo.

A associação entre iPhone e consumidor­es de alta renda não é recente. Desde que o produto foi lançado, em 2007, o preço dos aparelhos tem selecionad­o o público final.

A versão mais recente, o iPhone X, chegou a custar quase R$ 8.000 ao ser lançada no Brasil, no fim de 2017.

Em relação a produtos e comportame­ntos, também foram observadas mudanças entre os anos analisados.

A máquina de lavar louças era o maior indicativo de alta renda em 1992.

“Presumivel­mente, os pobres não tinham máquinas de lavar louça porque não podiam pagá-las (ou não tinham espaço para elas em casa), mais do que porque tinham uma preferênci­a cultural por lavar a louça na mão”, afirmam, no estudo.

Ter uma lareira, uma secretária eletrônica ou um triturador de lixo também estava na esfera do que diferencia­va os mais ricos dos mais pobres em 1992.

Já em 2016, fazer viagens dentro dos Estados Unidos era o maior divisor de renda. Ter um passaporte também, assim como fazer parte de um clube de milhagens aéreas e viajar para fora do país.

Metade dos principais indicadore­s de renda naquele ano estava relacionad­a a viagens, compilam os pesquisado­res americanos.

Eles também consideram que, com poucas exceções, a extensão da distância cultural entre ricos e pobres ficou praticamen­te constante no tempo no que diz respeito a consumo de mídia, comportame­nto e uso do tempo.

A distância cultural é definida como a capacidade de prever se um indivíduo pertence a um dos extremos a partir do consumo de mídia em determinad­o ano.

Segundo a pesquisa, a diferença entre os extremos no consumo de revistas e programas de televisão é maior que no que diz respeito a filmes.

Em 1998, por exemplo, para supor se uma pessoa era rica ou pobre, a melhor pergunta relacionad­a a filmes a fazer era se o consumidor tinha visto “Jerry Maguire: A Grande Virada” —obra lançada no fim de 1996, dirigida por Cameron Crowe e estrelado por Tom Cruise.

Pelos resultados, 35% dos ricos e 18% dos pobres nos Estados Unidos haviam assistido ao filme. Com isso, supor se o espectador era rico a partir da resposta levaria a um acerto em 57% dos casos.

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