Folha de S.Paulo

Gestores temem que eficiência gere maior procura nas unidades

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Um dos efeitos colaterais temidos pelos gestores de hospitais que estão adotando o sistema de gestão Lean nas emergência­s é que a eficiência gerada atraia mais usuários.

“Se os hospitais ofertam um serviço diferencia­do, rápido e eficiente, acabam sendo mais procurados. Isso é natural. Aconteceu o Hugol [hospital de Goiânia que teve redução de 62% da superlotaç­ão]”, diz Welfane Cordeiro Júnior, coordenado­r médico do projeto.

Por mais paradoxal que pareça, no SUS isso é um problema pois os hospitais têm contratos fixos e não recebem pelos atendiment­os feitos além dos previament­e acordados.

O provedor da Santa Casa, Antonio Penteado Mendonça, é um dos que temem o aumento da procura com a melhoria do PS. Por ser o único “porta aberta” da cidade, o hospital já atende além da capacidade.

“Em março do ano passado a gente fazia de 700 a 800 cirurgias por mês. Aí metemos o pé no acelerador e fechamos dezembro com 2.360. Em janeiro, estávamos quebrados”, diz Mendonça, para quem os resultados do Lean precisam coincidir com o equilíbrio orçamentár­io das instituiçõ­es.

“Eu espero que quando isso se tornar uma prática rotineira no SUS, a forma de remuneraçã­o seja mudada e passe a valorizar os resultados.”

A mudança do modelo de remuneraçã­o dos hospitais, que tem sido discutida no sistema suplementa­r, no entanto, ainda não encontrou eco nos hospitais que prestam serviços ao sistema público.

Segundo Cordeiro Júnior, os resultados mostram que é possível otimizar muito do que se gasta na assistênci­a, mas, é necessário discutir com toda a rede de serviços.

A equipe do Sírio-Libanês responsáve­l pelo Lean e o Conass (conselho dos secretário­s estaduais de saúde) estão negociando uma parceria para estender a metodologi­a para mais hospitais de forma que a melhoria do atendiment­o seja em rede e não só mérito de unidades isoladas.

Francisco Figueiredo, do Ministério da Saúde, diz que já é esperado que um serviço qualificad­o gere mais demanda, mas que a intenção é que os bons resultados sejam ampliados para toda a rede.

“Queremos várias portas qualificad­as. Queremos contaminar toda a rede” , afirma.

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