Folha de S.Paulo

França vence Bélgica e chega à 3ª decisão de Copa em 20 anos

Franca chega a sua Terceira final de Copa em 20 anos e se consolida como potencia do futebol

- -Alex Sabino, Diego Garcia e Luiz Cosenzo

A FranÁa bateu a Bélgica por 1 a 0, gol de Umtiti, e avanÁou à final da Copa na Rússia. Pela terceira vez em 20 anos, os franceses estão na decisão —ganharam em 1998 e perderam em 2006. Com a queda da Bélgica, é a primeira vez desde 1986 que o algoz do Brasil fica fora da final.

São Peter-Sburgo Em julho de 1998, o lateral e zagueiro Lilian Thuram, nascido em Guadalupe, fez o que não se esperava dele: marcou dois gols e colocou a França na final da Copa do Mundo pela primeira vez na história.

Vinte anos depois, em julho de 2018, o defensor Samuel Umtiti, filho de Iaundé, capital de Camarões, foi ao ataque e, com uma cabeçada, voltou a colocar a seleção francesa na decisão do Mundial.

Foi o lance que definiu a vitória por 1 a 0 sobre a Bélgica, pela semifinal, nesta terça-feira (10), em São Petersburg­o.

“Eu não tenho pinta de artilheiro, mas tive conselhos, inclusive do treinador. O importante é a determinaç­ão e o desejo de chegar na frente do meu adversário”, disse Umtiti, que espera agora apagar a decepção da Eurocopa de 2016, quando a França foi derrotada em casa por Portugal.

“Estou muito feliz com o que fizemos. Quero levar a taça de volta para a França”, completou o autor do gol.

A campeã de 1998 espera agora o vencedor do confronto entre Inglaterra e Croácia, que fazem a outra semifinal. A partida será nesta quarta (11), em Moscou, cidade que também receberá o último jogo do torneio, no domingo (15).

A decisão será a terceira dos franceses. Após vencer o título na primeira final que disputou, em 1998, contra o Brasil, a equipe foi derrotada pela Itália na final de 2006 e agora tentará o bicampeona­to.

Nenhum outro país esteve tão presente em decisões nos últimos 20 anos. Brasil —finalista em 1998 e 2002— e Alemanha —em 2002 e 2014— ficam atrás dos franceses.

O jogo que garantiu a terceira final em duas décadas teve velocidade, disputas e nervosismo. Mas apenas dentro de campo. Com pequeno número de torcedores nas cadeiras da arena de São Petersburg­o, torcedores belgas e franceses pouco foram ouvidos.

Em determinad­o momento do segundo tempo, a única torcida ouvida foi a brasileira, que tinha ingressos para a partida na esperança de que a seleção de Tite estivesse presente. A Bélgica não deixou que isso acontecess­e.

Como a Copa do Mundo é de futebol, não de torcidas, os belgas tinham melhor toque e tentavam sair mais para o jogo. Com liberdade de movimentaç­ão, Eden Hazard criava problemas todas as vezes em que pegava na bola.

Duas vezes poderia ter aberto o placar, mas errou o alvo na finalizaçã­o. Os belgas perceberam que havia um problema de marcação no setor direito da defesa francesa e tentaram explorá-lo.

Não havia cobertura para Pavard. Mas o lateral francês, quando foi à frente, quase fez o gol aos 39 minutos do primeiro tempo. Saiu de frente para o goleiro Courtois, que fez grande defesa.

Quando notou que a Bélgica tinha domínio no meio-campo, Griezmann saiu da ponta direita e começou a jogar como meia. Deu uma opção na saída de jogo para sua equipe, já que Pogba, a principal fonte de criativida­de francesa, era marcado de perto por Fellaini no meio.

Nenhum dos dois técnicos tentou surpreende­r o outro. Roberto Martínez não repetiu a fórmula que apanhou Tite despreveni­do nas quartas de final. Lukaku, embora tenha saído do centro do ataque em alguns momentos, não foi um ponta, como aconteceu contra a seleção brasileira.

De Bruyne foi mais armador do que um falso 9. A França fazia de tudo para obter um lançamento para Mbappé em velocidade.

Deu certo uma vez antes do intervalo. O atacante cruzou para Giroud, que ainda não fez gols na Copa do Mundo. Ficou explicado o motivo. O centroavan­te finalizou fraco, mal e sem direção.

A França precisou de apenas uma jogada no segundo tempo para colocar a Bélgica em estado de desespero.

Aos 5 min, Umtiti se antecipou à zaga adversária na cobrança de escanteio e fez o 1 a 0, que definiu o jogo.

Foi a senha para a equipe de Didier Deschamps recuar, deixar apenas Griezmann ou Mbappé no ataque e esperar para sair em velocidade.

Aconteceu três vezes, mas em todas Mbappé tentou o passe em vez do lance individual e nada aconteceu.

A Bélgica precisava cada vez mais de Hazard, e ele buscava a bola e se deslocava. Armada na defesa e pronta para o bote decisivo, a França não dava espaço. A solução belga era tentar os chutes de fora da área (Witsel e De Bruyne arriscaram três vezes) e fazer cruzamento­s para aproveitar as alturas de Fellaini e Lukaku. Para ter mais jogadas de linha de fundo, entrou Mertens.

Era questão de tempo. Não havia resposta que a equipe de Roberto Martínez pudesse dar para conseguir o empate.

A França deixou o jogo correr e sua torcida encarou a vitória com ar blasé. Dava a impressão de que o resultado pouco importava.

Tal qual Thuram há 20 anos, Umtiti foi outro defensor a colocar sua seleção mais uma vez na final da Copa. Tolisso ainda desperdiço­u uma grande oportunida­de para anotar o segundo, nos acréscimos.

 ??  ?? Torcedores da França festejam perto do Arco do Triunfo, na av. Champs-Elysées, em Paris, a classifica­ção para a final da Copa do Mundo Thibault Camus/Associated Press
Torcedores da França festejam perto do Arco do Triunfo, na av. Champs-Elysées, em Paris, a classifica­ção para a final da Copa do Mundo Thibault Camus/Associated Press
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Michael Dalder/Reuters Umtiti cabeceia para marcar o gol da classifica­ção francesa

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