Ação de resgate de treinador e time é concluída na Tailândia
Grupo passa bem, mas terá de ficar isolado em hospital por sete dias por temor de infecção
Uma operaÁão que durou três dias conseguiu resgatar em seguranÁa todos os 12 meninos e seu treinador de futebol que estavam presos em uma caverna na Tailândia havia 18 dias. A operaÁão contou com 19 mergulhadores. Ao todo, mil militares participaram do resgate.
MAE SAI (TAILÂNDIA) Depois de 18 dias de tensão, o anúncio que o mundo esperava aconteceu às 18h47 do horário local (8h47 em Brasília) desta terça (10): todos os 12 meninos e seu treinador que estavam presos em uma caverna no interior da Tailândia foram resgatados em segurança.
“Os 12 Wild Boars [nome do time de futebol dos garotos] e seu técnico já deixaram a caverna e estão a salvo. Hooyah!” escreveu nas redes sociais a unidade SEAL da Marinha tailandesa. “Nós não temos certeza se isso foi um milagre, a ciência ou outra coisa”, completou.
Os oito primeiros garotos haviam sido retirados no domingo (8) e segunda-feira (9), e a operação desta terça era considerada a mais arriscada porque envolvia os meninos menores e que estavam mais fracos, além do treinador, que tem 25 anos.
A operação de resgate recomeçou às 10h08 do horário local (0h08 de Brasília) com a participação de 19 mergulhadores —ao todo, mil militares tailandeses participaram do resgate.
Foram cinco horas de espera até o primeiro garoto deixar a caverna, por volta das 15h locais (5h de Brasília) e depois mais quase quatro horas até o anúncio de que os outros três meninos e o treinador tinham deixado o local.
“Estou tão feliz que nem consigo agradecer a todos que participaram”, disse Narongsak Osatanakorn, responsável por comandar o resgate.
Segundo a imprensa tailandesa, o técnico foi o último a sair, mas a informação não foi confirmada oficialmente. Depois dele, três mergulhadores e um médico que estavam na caverna para fazer companhia ao grupo também saíram.
Os cinco foram levados de ambulância até um posto de atendimento improvisado nas proximidades da caverna para o primeiro atendimento e de lá foram transportados para um hospital em Chiang Rai, onde já estavam os oito outros garotos resgatados.
O novo grupo também vai passar por testes de saúde que será enviado para a capital, Bancoc. De acordo com as autoridades tailandesas, os meninos resgatados anteriormente passam bem, ainda que dois deles registrem sinais de pneumonia e que parte do grupo tenha níveis elevados de glóbulos brancos —o que é uma indicação de infecção.
Todo o grupo deve permanecer por pelo menos sete dias em quarentena no hospital, onde passam por exames médicos. Com isso, foi descartada a possibilidade deles comparecerem à final da Copa do Mundo no próximo domingo (15) na Rússia —a Fifa tinha anunciado que eles estavam convidados para o jogo caso estivessem autorizados a viajar.
Os meninos já conseguiram ver os pais por meio de vidro ou a dois metros de distância, com os parentes usando avental, touca médica e máscara .
Os médicos revelaram que os primeiros resgatados já estão se alimentando normalmente, mas nada muito temperado. Os demais estão comendo apenas líquidos, alimentos diluídos e um pouco de chocolate.
Os meninos, com idade entre 11 e 16 anos, estavam presos a cerca de 4 km da entrada da caverna e a 800 metros de profundidade. Para sair, cada um deles fez o trajeto usando tanques de oxigênio e foi acompanhado por dois mergulhadores durante o percurso, que incluiu passagens escuras, apertadas e com água barrenta.
O primeiro-ministro tailandês, Prayut Chan-o-chau, revelou nesta terça que os meninos receberam remédio para controlar a ansiedade para ajudar na travessia de volta. Ele negou boatos de que as crianças estariam sendo anestesiadas para fazer o trajeto.
O temor de uma fatalidade no trajeto aumentou depois de um ex-SEAL da Marinha tailandesa morrer após desmaiar durante um mergulho na última sexta (6).
A possibilidade de que novas tempestades caíssem no local, o que poderia inundar a caverna, obrigou as autoridades a acelerarem a retirada. O aumento das chuvas levou as autoridades a descartarem a hipótese de deixar o grupo na caverna por quatro meses, até que o período das tempestades passasse.
Apesar da chuva, porém, o nível de água na caverna se manteve estável, já que ela era bombeada para fora.
Os 12 meninos e o treinador estavam explorando as cavernas de Tham Luang Nang Non em 23 de junho e ficaram presos quando o local alagou devido a chuvas. Eles foram localizados dez dias depois.
Agora que o resgate terminou, a caverna deve ser fechada para ter a segurança reforçada e depois será reaberta ao turismo.
Logo após o fim do salvamento, o clima de comemoração tomou conta do local. Imagens da televisão tailandesa mostram voluntários e membros da equipe de resgate dançando e cantando. Em Chiang Rai, principal cidade da região, carros buzinaram pelas vias ruas e parte dos moradores foi para rua celebrar, segundo o jornal britânico The Guardian.
do grupo.
As imagens do adolescente de olhos grandes, iluminado pelas lanternas dos mergulhadores que o encontraram com os outros 11 colegas no fundo da caverna de Tham Luang, rodaram o mundo.
“Meu nome é Adul, estou bem de saúde”, afirma em tailandês no vídeo o menino.
Os professores da escola onde ele estuda elogiam seus talentos linguísticos, especialmente em inglês, em um país onde apenas um terço dos habitantes fala o idioma .
Ele foi o único capaz de se comunicar com os mergulhadores britânicos, que foram os primeiros a encontrar os desaparecidos no dia 2. “Que dia é hoje?”, pergunta Adul em inglês, explicando aos socorristas que o grupo estava com fome.
Nascido em região de Mianmar marcada por um conflito étnico, Adul fala birmanês e chinês, além do tailandês e do inglês. Ele deixou sua família para receber uma educação melhor na Tailândia.
Os combates entre o grupo étnico rebelde do Exército Unido do Estado de Wa (UWSA) e o Exército birmanês forçaram milhares de pessoas ao exílio em busca de proteção e segurança, especialmente na Tailândia.