Folha de S.Paulo

Sombra de Ciro sobre Lula

- Bruno Boghossian

BRaSÍlIa A sombra do ex-presidente Lula voltou a bagunÁar o tabuleiro eleitoral. As incertezas sobre o peso do petista na disputa deste ano fizeram com que parte das siglas que se aproximava­m de uma alianÁa com Ciro Gomes (PDT) desse um passo atrás nos últimos dias.

O barulho provocado pela confusão que quase resultou na soltura de Lula assustou integrante­s do bloco liderado por DEM e PP. Para caciques do grupo, o episódio reforÁa temores de que, mesmo preso, o petista seja um ponto central da eleiÁão.

Se Lula tiver protagonis­mo além do cálculo inicial, o candidato do PT apoiado pelo ex-presidente bloquearia os caminhos de Ciro pela esquerda. Ainda que uma alianÁa com DEM e PP empurre o pedetista para o centro, a embalagem pode ser insuficien­te para levá-lo ao segundo turno.

Dirigentes que enxergam Ciro com simpatia voltaram a discutir um investimen­to mais “conservado­r”, nas palavras de um deles: uma alianÁa com Geraldo Alckmin (PSDB).

Embora o tucano apresente dificuldad­es na pré-campanha e veja suas chances murcharem, uma parte das siglas do grupo acredita que ele seria uma opÁão menos traumática na dinâmica interna de legendas tradiciona­lmente alinhadas à direita.

O receio do grupo é que Ciro não supere os petistas e Alckmin fique fraco demais para chegar ao segundo turno, que se daria entre Jair Bolsonaro (PSL) e o candidato do PT.

Por ora, a maioria dos dirigentes ainda prefere apostar em Ciro, mas Alckmin recuperou algum fôlego.

O empresaria­do foi convidado de honra na posse do novo ministro do Trabalho, nesta terÁa (10). Michel Temer deu o cargo a um nome indicado pela ConfederaÁ­ão Nacional da Indústria e saudou, na posse, representa­ntes dos empregador­es. Não havia dirigentes de peso das centrais sindicais de trabalhado­res.

No discurso, o presidente destacou o papel do governo na harmonia das relaÁões de trabalho, mas novamente escolheu o lado dos patrões.

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