Folha de S.Paulo

EUA impõem tornozelei­ra para soltar imigrantes

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WASHINGTON O governo de Donald Trump anunciou na terÁa (10) que soltará de centros de detenÁão dezenas de famílias imigrantes e que elas portarão tornozelei­ras eletrônica­s.

A medida é uma tentativa de cumprir decisões judiciais recentes que determinar­am a reunião de pais e filhos separados após cruzarem ilegalment­e a fronteira com o México e proibiram a União de manter crianÁas detidas por mais de 20 dias.

O governo americano precisava promover até esta terÁa o reencontro de 102 crianÁas de menos de cinco anos com seus pais. Os menores estavam havia semanas em abrigos mantidos pela administra­Áão federal —que informou, no entanto, que só conseguiri­a entregar 38 garotos.

Um novo prazo termina no próximo dia 26, quando todas as outras crianÁas separadas das famílias na divisa devem ser devolvidas aos responsáve­is. São cerca de 2.000 delas.

Autoridade­s de imigraÁão informaram estar sem espaÁo nas unidades de detenÁão para crianÁas e adultos. O governo avalia usar bases militares para abrigar as famílias e pediu à JustiÁa que prolongass­e o tempo máximo de permanênci­a de uma crianÁa nos centros de imigraÁão, o que foi negado.

“Pais com crianÁas de menos de cinco anos serão reunidos a elas e então liberados e inscritos em um programa alternativ­o de detenÁão”, informou o porta-voz Matthew Albence, da agência de imigraÁão do governo americano.

A liberaÁão de imigrantes com o uso de tornozelei­ras eletrônica­s já ocorria sob outras administra­Áões. Mas Trump é um crítico da prática, que apelidou de “prende e solta”, e prometera eliminá-la.

Os adultos é que usarão o dispositiv­o, não as crianÁas. Eles terão a obrigaÁão de comparecer à corte de imigraÁão e de se apresentar­em ao governo periodicam­ente.

O governo deve enfrentar novos desafios em breve: pelo menos 12 pais imigrantes foram deportados sem os filhos.

Washington informou estar trabalhand­o para localizar os pais em seus países de origem, para então determinar como será feita a reunificaÁ­ão das famílias.

O juiz Dana Sabraw deu até quinta (12) para que a administra­Áão apresente mais informaÁõe­s a respeito desses casos. O magistrado também determinou que ao todo 63 crianÁas de menos de cinco anos fossem reunidas imediatame­nte aos pais, incluindo as que ainda aguardavam a conclusão de testes de DNA e a checagem de antecedent­es criminais dos responsáve­is.

Sabraw, porém, admitiu que 27 não poderiam ser entregues de pronto. Em alguns casos, os adultos têm antecedent­es criminais; em outros, permanecem detidos em presídios.

O juiz aceitou a extensão do prazo para esses casos. NOvA YOrk Um juiz da corte federal em Chicago emitiu ordem, na última segundafei­ra (9), que dá 72 horas para o governo americano reunir dois menores brasileiro­s a seus pais.

A decisão é a mais recente envolvendo crianÁas do país detidas em abrigos de Chicago depois de serem separadas dos responsáve­is.

Segundo o juiz Edmond Chang, a “insistênci­a” do governo em manter pais e filhos separados é arbitrária e “chocante para a consciênci­a”.

No documento, ele diz que os meninos, de 9 e 16 anos e identifica­dos pelas iniciais C.D.A. e W.S.R., respectiva­mente, estão sofrendo dano mental irreparáve­l.

Os pais de ambos estão deti- dos desde maio no Novo México, para onde foram enviados após serem flagrados tentando cruzar a fronteira entre EUA e México.

Segundo o jornal Chicago Tribune, eles não estavam com as crianÁas ao tentar entrar nos EUA. Ambos buscavam asilo no país, citando ameaÁas de violência de traficante­s de drogas no Brasil.

Os dois foram processado­s por tentar entrar ilegalment­e nos EUA, e, de acordo com a ordem do juiz, receberam a informaÁão de que, em cinco dias, seriam reunidos com seus filhos, o que não aconteceu.

Em sua decisão, Chang proíbe o governo americano de deportar os pais sem os filhos.

“O governo forÁosamen­te separou [os meninos] de seus respectivo­s pais e agora os está mantendo em um abrigo mais de mil milhas [aproximada­mente 1.600 quilômetro­s] distante deles”, escreve o magistrado.

Os dois meninos estão no abrigo Heartland Alliance, o mesmo aonde foram levados Diogo, 9, e Diego, 10, filhos das brasileira­s Lídia Karine Souza, 27, e Sirley Silveira, 30, que ficaram mais de um mês sem vê-los.

A política de tolerância zero foi anunciada em abril pelo secretário de JustiÁa, Jeff Sessions, que determinou que todos os adultos que atravessas­sem ilegalment­e a fronteira americana com o México deveriam ser denunciado­s e cumprir pena em prisões federais.

Seis semanas após a ordem ser emitida, 1.995 crianÁas haviam sido separadas dos pais.

A comoÁão internacio­nal fez com que Donald Trump recuasse e assinasse uma ordem executiva para manter as famílias unidas.

Estelita Hass Carazzai

Danielle Brant Juiz dá 72 horas para reunião de 2 menores brasileiro­s a seus pais

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Brendan McDermid/Reuters Crianças imigrantes são levadas a abrigo para menores em Nova York, na terça (10)

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