Tributação vira alvo do setor de combustíveis
Nicola Pamplona
rio DE JaNEiro O sistema tributário dos combustíveis é um dos alvos de empresas do setor e da própria Petrobras na consulta pública da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) sobre a periodicidade dos reajustes da gasolina.
O prazo de entrega das contribuições se encerrou no dia 2, mas as sugestões ainda não foram divulgadas pela ANP. A
Folha apurou que Petrobras, distribuidoras de gás de cozinha e sindicatos de petroleiros citam os impostos em suas sugestões.
A ANP recebeu 179 contribuições de 115 entidades. A Petrobras evitou fazer sugestões sobre prazos, optando por uma análise estrutural do setor na qual aponta a revisão do modelo tributário como solução de longo prazo.
O tema já vem sendo discutido com os estados, mas enfrenta resistência por reduzir autonomia na gestão da arrecadação.
Na avaliação do setor, o modelo atual, com a cobrança de um percentual sobre preços de referência, abre espaço para sonegação e alavanca os aumentos nas refinarias.
Os sindicatos, representados pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), defendem a instituição de carga tributária flexível, que pudesse absorver períodos de aumentos das cotações internacionais ou dos custos de produção.
O Sindigás, que representa as empresas de gás de cozinha, sugeriu uma campanha de comunicação para explicar as implicações da tributação sobre os preços finais.
A entidade é contrária à interferência nos reajustes e diz que, caso seja adotada, deve ser temporária.
As distribuidoras de combustíveis se posicionaram contra a adoção de prazos mínimos. “É assim que funciona o mercado em todo o mundo e é assim que deve funcionar no Brasil”, diz Leonardo Gadotti, presidente da Plural, entidade que reúne o setor de distribuição de combustíveis.
Também contrários à intervenção, os importadores de combustíveis admitem a adoção de um prazo mínimo mensal ou de um gatilho que permita ajustes quando os preços variarem 3% para cima ou para baixo.
Para a FUP, os reajustes poderiam ser feitos com periodicidade semanal ou quinzenal e devem considerar, além das cotações internacionais, a taxa de uso das refinarias e a participação das importações no mercado interno.
A política de reajustes diários foi iniciada pela Petrobras em julho de 2017, com o objetivo de facilitar a competição com produtos importados. Com o petróleo chegando novamente perto dos US$ 80 (R$ 306) por barril, a Petrobras anunciou nesta terça (10) o oitavoreajusteseguidonopreço da gasolina, que será vendida em suas refinarias nesta quarta (11) por R$ 2,039 por litro.
É o maior valor desde o dia 23 de maio, ainda no auge da crise gerada pela paralisação dos caminhoneiros, quando o preço da gasolina nas refinarias chegou a R$ 2,0867 por litro.
Desde 22 de junho, quando se iniciou a sequência atual de aumentos, o preço da gasolina nas refinarias acumula alta de 9,31%.
O valor cobrado pela Petrobras representa cerca de 30% do do preço final.
O restante é composto por impostos, margens de lucro de distribuição e revenda e o percentual de etanol anidro.
O preço do diesel nas refinarias segue em R$ 2,0316 por litro desde o início de junho.
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