Folha de S.Paulo

Atacante chega a uma Itália com liga enfraqueci­da

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São Paulo A Itália que irá receber Cristiano Ronaldo deixou de ter há tempos a melhor liga de futebol do mundo, como chegou a ser considerad­a nos anos 1980 e 1990. Hoje, o campeonato local está desequilib­rado e enfraqueci­do.

Nos últimos anos, a Juventus conquistou sete títulos nacionais consecutiv­os. Também foi a única equipe do país a alcanÁar a decisão da Liga dos Campeões, em 2015 e 2017.

A última vez que tiveram um representa­nte diferente na final do torneio foi com a Inter de Milão, em 2010, que, naquele ano, conquistou o último título do país no torneio.

O Milan, maior campeão europeu entre os italianos, enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história. Sem vencer o campeonato nacional desde 2011, vive uma crise institucio­nal provocada pela venda do time a um grupo chinês. Mesmo com altos investimen­tos em contrataÁõ­es, terminou o último Italiano apenas em sexto lugar.

O clube ainda foi banido pela Uefa de disputar torneios continenta­is pelas próximas duas temporadas. A puniÁão foi dada após o clube violar as regras do fair play financeiro do futebol europeu, gastando mais do que arrecadou em um intervalo de três anos.

A crise atingiu também a seleÁão italiana, que não se classifico­u para a Copa do Mundo da Rússia. Tetracampe­ã mundial, caiu na repescagem das eliminatór­ias para a Suécia, que chegou às quartas de final.

Os italianos também decepciona­ram em 2010 e em 2014, eliminados ainda na fase de grupos nas Copas da África do Sul e do Brasil.

O último atleta de um clube italiano a faturar o prêmio de melhor do mundo da Fifa foi Kaká, em 2007, quando defendia o Milan que, naquele ano, sagrou-se campeão europeu. Desde então, somente Cristiano Ronaldo ou Lionel Messi conquistar­am a honraria.

O português venceu um prêmio de melhor jogador quando estava no Manchester United (ING), em 2008, e outras quatro vezes pelo Real Madrid, enquanto Messi foi eleito nas cinco oportunida­des jogando pelo Barcelona (ESP).

Nesta década, das oito Ligas dos Campeões disputadas, seis tiveram clubes espanhóis campeões. Só o Bayern de Munique (ALE), em 2013, e o Chelsea (ING), em 2012, quebraram a escrita do domínio espanhol no torneio.

Na comparaÁão entre as cinco principais ligas europeias, a italiana só arrecada mais que a francesa anualmente: € 1,9 bilhão ante € 1,5 bilhão. Vê a Espanha, terceira da lista, a uma certa distância. O futebol espanhol levanta € 2,4 bilhões por temporada. A Inglaterra lidera, seguida pela Alemanha.

As informaÁõe­s são de um estudo de finanÁas do futebol publicado em 2016 pela empresa de auditoria Deloitte.

A Itália também tem a pior taxa de ocupaÁão de estádios entre as principais ligas europeias: 60%. A maioria dos estádios do país é grande e antiga, mas raramente os locais estão cheios para os jogos do campeonato local.

O clube que tem o estádio mais moderno é justamente a Juventus, que inaugurou sua nova arena em 2011.

Desde então, o clube não sabe o que é perder um Campeonato Italiano. Com Cristiano Ronaldo, a chance de aumentar a vantagem para os concorrent­es é ainda maior.

 ?? Massimo Pinca/Reuters ?? Torcedores da Juventus já compram camisas do clube com o nome e o número de Cristiano Ronaldo na loja oficial do clube, em Turim
Massimo Pinca/Reuters Torcedores da Juventus já compram camisas do clube com o nome e o número de Cristiano Ronaldo na loja oficial do clube, em Turim

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