Folha de S.Paulo

Em segunda temporada, série retrata bastidores e dramas da Osesp

- Work in Progress Por Dentro da Osesp Canal arte 1. Qui. (12), às 20h30. livre.

são Paulo Os bastidores da Osesp e sua preparação para um concerto são o tema da segunda temporada da série “Work in Progress”. O primeiro episódio estreia nesta quinta (12), no Canal Arte 1, e o último será exibido em agosto.

Após uma temporada dedicada ao Balé da Cidade, a atração criada e dirigida por Diego de Godoy e produzida pela Pródigo Filmes joga luz sobre as pessoas por trás do mais forte grupo sinfônico do país.

São ouvidas desde figuras ligadas à gestão, como o diretor artístico Arthur Nestrovski e o diretor-executivo Marcelo Lopes, a alguns músicos da Osesp —hoje são 105 deles.

As câmeras também miram a rotina dos cerca de 180 funcionári­os dos diversos departamen­tos da orquestra: administra­tivo, jurídico, partituras, comunicaçã­o, manutenção...

Como é frequente no gênero documental, aproximars­e dos retratados foi um dos maiores desafios, diz Godoy. “A gente foi muito bem recebido pela Marin [Alsop, regente da orquestra] e pelos músicos, mas foi necessário tempo para criar familiarid­ade”, afirma.

Essa construção de intimidade fica mais evidente, diz o diretor, conforme a série avança em seus seis episódios.

Godoy já conhecia o Balé da Cidade e a Osesp, e a iniciativa para filmá-los partiu, diz, do potencial dramático inerente aos seus bastidores.

As gravações acontecera­m durante 25 dias em outubro passado, quando o conjunto ensaiava “Uma Vida de Herói”, do alemão Richard Strauss.

Cada um dos seis capítulos mira um naipe da orquestra — cordas, sopros, metais e percussão e, por fim, o concerto.

A estreia se concentra na regente titular e diretora musical Marin Alsop, desde as impressões da americana ao chegar até suas relações com a cultura do país onde, diz, nunca havia cogitado trabalhar até o convite, em 2010.

Além dos bastidores e da intimidade do conjunto, esse primeiro episódio é generoso sobre a função do regente.

Se músicos leem partituras, para que, afinal, um maestro?

Surgem observaçõe­s de diversos personagen­s, mas mais explicativ­os são gestos de Alsop, como sua respiração ao reger um ensaio, as broncas em músicos distraídos e os pe- didos da maestrina para realçar aspectos da interpreta­ção.

O trabalho também esclarece curiosidad­es, como a função da batuta do maestro.

Ainda que não comprometa­m o alto nível da obra, alguns poréns merecem nota.

Algumas edições são por demais irrequieta­s, e a trilha em tom de suspense quase cansa.

A série também parece evitar certas divididas. Cita-se uma melhora no grupo após Alsop suceder John Neschling, de convívio e gestão criticados, mas, ao menos na estreia, ignora-se os porquês.

E é pouco explorada a convivênci­a complexa entre a sede imponente, a Sala São Paulo, e a degradação do entorno, com a cracolândi­a. A série retrata o local por meio de drone e como só um dos elementos da trajetória de Alsop, de Nova York ao centro paulistano.

Rafael Gregorio

 ?? Rodrigo Menck/ Divulgação ?? Funcionári­o carrega instrument­os antes de ensaio da Osesp, retratada na série ‘Work in Progress’
Rodrigo Menck/ Divulgação Funcionári­o carrega instrument­os antes de ensaio da Osesp, retratada na série ‘Work in Progress’

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