Folha de S.Paulo

Montagem em São Paulo irradia dramaturgi­a frágil e estranho saudosismo

- Paulo Bio Toledo

Caixa de Memórias ***** CCSP, r. Vergueiro, 1.000. Sex. e sáb., às 21h, dom., às 20h. ingr.: r$ 20. 14 anos.

“Caixa de Memórias” trata de diversas gerações de uma família em um apequenaci­dade brasileira a olongo do século 20. A peça de José Eduardo Vendramini dedica especial atenção à sucessiva desagregaç­ão familiar e emocional, sem disfarçar um estranho saudosismo coma época na qual“apalavrado homem” valia tanto ou maisqueu ma assinatura.

Emana do texto a saudade de quando o homem estava mais conectado coma natureza e o trabalho. A nostalgia aponta um percurso desumaniza­nte, mas também flerta silenciosa­mente com um espírito conservado­r.

Por mais verdadeira que seja o desamparo coma civilizaçã­o atual, buscara lento em um passa domais puros empreso a ingênuo.

Masa encenação de Mar cio Aure lio traz um acena crítica e inteligent­e, um belo exercício de composição moderna. O palco se transforma num quadro em movimento em que atores criam imagens com gestos precisos e coletivos.

O trabalho de conjunto é marca da montagem e não surge só em movimentos corais e coreografa­dos mas ainda em atuações como outro, algora rono teatro atual.

A qualidade de um ator como Walter Breda aparece também no empenho com que busca a verdade de se suas ações naqueles com quem contracena. Ele parece estar sempre atento aos companheir­os de palco.

Todo o elenco parece engajado na coletivida­de. A encenação navega entre tempos, sobrepõe campos de percepção eé atenta ao gesto social das personagen­s, sem dar margem a afetações. A peça faz brilhar os momentos de maior sensibilid­ade do texto quando a ideia de “tempo” se impõe poeticamen­te.

É uma peça desigual. Se fica marcada por uma cena de enorme força, nunca deixa de irradiar uma dramaturgi­a frágil e saudosista. Marcelo Coelho O colunista está em férias

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