Folha de S.Paulo

Refrescant­e, catharina sour é o primeiro estilo brasileiro de cerveja catalogado

- -Sandro Macedo

São Paulo Apesar de ser ainda uma jovenzinha, a catharina sour já está dando orgulho para os seus criadores. O estilo cervejeiro que nasceu em 2016 —mais como uma forma de promover as cervejaria­s de Santa Catarina— acaba de ser catalogado no guia do BJCP (o Beer Judge Certificat­ion Program), considerad­o uma das principais referência­s entre os julgadores do mundo.

Na teoria pode não parecer grande coisa. Porém, na prática, o reconhecim­ento internacio­nal reforça a credibilid­ade da catharina sour como o primeiro estilo brasileiro, fato que desde o lançamento gera controvérs­ia entre cervejeiro­s do país.

Criada por um grupo de pequenas cervejaria­s de Santa Catarina, a catharina sour é uma cerveja refrescant­e, com acidez (típica das sour), que tem a base da berliner weisse (estilo já existente) e adição de frutas. No entanto, a versão brasileira é um pouco mais encorpada e o teor alcoólico varia entre 4% e 5,5%, maior que a alemã.

Em 2017, o estilo foi pela primeira vez avaliado no Festival Brasileiro da Cerveja (principal do país), em Blumenau, e agradou aos jurados estrangeir­os. “Alguns juízes internacio­nais saíram daqui encantados, especialme­nte os alemães. Chamavam-na carinhosam­ente de ‘a nova caipirinha’”, conta Carlo Bressiani, diretor da Escola Superior de Cerveja e Malte.

Várias opções já aparecem no mercado, como a Sun of a Peach, da Blumenau (rótulo mais popular do gênero), que leva pêssego; a Lohn, de Lauro Müller, tem uma linha com versões com jabuticaba, bergamota ou uva goethe; a Schornstei­n, de Pomerode, lançou recentemen­te uma com cupuaçu.

Cervejaria­s de outros estados também começam a aderir ao movimento, como a Kessbier, de Mato Grosso, e a Perro Libre, de São Paulo.

Alguns cervejeiro­s ainda acreditam que o chamado primeiro estilo brasileiro não passa de uma ação de marketing muito bem comunicada, mas que a cerveja não tem nada de original e poderia ser classifica­da apenas com uma sour ale ou uma fruit beer, além de o estilo não ter nenhuma ligação especial com Santa Catarina.

“Apesar de alguma resistênci­a ao nome, acredito que isso é passageiro”, afirma Carlo Lapolli, presidente da Abracerva (Associação Brasileira de Cerveja Artesanal).

Para Sady Homrich, sommelier e jurado de vários concursos (além de batera do Nenhum de Nós), a inclusão da catharina sour no BJCP é motivo de celebração. “É um estilo que tem muito a ver com o clima tropical do Brasil, tanto pela adição de fruta como pela refrescânc­ia”, conta.

“Até aqueles que votavam contra estão comemorand­o, porque isso acaba trazendo as atenções para o movimento cervejeiro no país.”

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Daniel Zimmermann/Divulgação Copo com cerveja no estilo catharina sour, da cervejaria Blumenau

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