Folha de S.Paulo

Destaque inglês, goleiro pode chegar à final com só nove jogos pela seleção

Pickford, 24, supera nomes como Seaman, que em 77 jogos pela inglaterra e só jogou as quartas

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MOSCOU Na história da Copa do Mundo, não são raros os casos de grandes astros ou atletas que passaram a vida toda em suas seleções e nem sequer chegaram perto da final.

Na contramão, o goleiro inglês Jordan Pickford, 24, pode alcançar a decisão do Mundial com apenas nove partidas, se a sua seleção ultrapassa­r a Croácia nesta quarta (11).

Lendário goleiro inglês, David Seaman, por exemplo, somou 77 aparições pelo time. Mas o máximo que conseguiu foi alcançar as quartas de final, em 2002 —quando tomou um gol antológico de Ronaldinho Gaúcho na derrota por 2 a 1 para o Brasil.

Convocado pela primeira vez pelo técnico Gareth Southgate em 2017, Pickford, de 1,85 m, terá disputado até esta quarta-feira (11) oito jogos, sendo que cinco foram no Mundial da Rússia. Antes, havia estado em campo apenas em amistosos, contra Alemanha, Holanda e Nigéria.

“Eu senti que estava pronto para a missão e não coloquei mais pressão sobre mim. Apenas aproveitei a experiênci­a. Acredito que fui consistent­e durante todo o jogo e isso me ajudou muito”, disse o goleiro em entrevista recente ao site da federação inglesa.

Em sua estreia contra os arquirriva­is da Inglaterra, os alemães, o jogo ficou num 0 a 0, em outubro de 2017.

Nesta Copa, Pickford tem sido um dos destaques do “English Team”. Uma resposta silenciosa aos críticos da imprensa local que criticaram sua ida ao Mundial em detrimento de Joe Hart, que estava na seleção desde 2008 e já acumulava 75 partidas, presente nos Mundiais de 2010 e 2014.

Pickford tem quatro gols sofridos apenas. De 14 bolas em direção ao seu gol, salvou 10, segundo a Fifa. Além disso, teve papel fundamenta­l na classifica­ção contra a Colômbia nas oitavas, ao defender o último pênalti dos rivais, batido por Bacca.

Apesar dos poucos jogos pela seleção principal, Pickford defendeu o time nacional em todas as divisões de base, desde o sub-16. E um dos maiores traumas que tem na carreira foi um gol sofrido no Mundial sub-17 do México, em 2011.

Na segunda rodada da fase de grupos, a Inglaterra vencia por 2 a 1 o Canadá.

Aos 42 minutos do segundo tempo, o goleiro canadense Roberts arriscou um chutão —sem desvios, a bola acabou encobrindo Pickford.

A Inglaterra ficou em primeiro do grupo, mas o episódio marcou Pickford. “Isso ajudou a construir meu caráter. Mas eu fiquei devastado, ainda mais por ser tão jovem e só pensar em vencer”, disse.

“Mas agora me dou conta de que a principal coisa na carreira é seguir aprendendo. Aquilo me ajudou a ser uma melhor pessoa e profission­al. De alguma maneira contribuiu para eu ser quem sou hoje.”

Profission­al desde 2011, ele atuou na maior parte da carreira em clubes de ligas inferiores e pouco conhecidos, como Alfreton Town, Carlisle United e Burton Albion.

Em 2016, retornou ao Sunderland, clube onde foi revelado, e passou a se destacar, completand­o um ciclo de atuações nas cinco primeiras divisões do futebol inglês.

Chamou a atenção do Everton. Em junho de 2017, o clube desembolso­u 25,6 milhões de libras (R$ 129 milhões) e o contratou. Foi a quarta transferên­cia mais cara da história na posição, ficando atrás da ida de Gianluigi Buffon do Parma para a Juventus, em 2001 (47,6 milhões de libras); Ederson, do Benfica para o Manchester City, em 2017 (36 milhões de libras); e de Neuer, do Schalke para o Bayern, em 2011 (27 milhões de libras).

“Não penso em valores e sobre o quanto falam de mim, isso pode ser uma armadilha.”

Sua temporada 2017/2018 não foi das melhores, o que torna ainda mais surpreende­nte sua atuação na Rússia.

Seu time teve a sexta defesa mais vazada do Inglês, com 58 gols sofridos. Além disso, nas copas europeias, sofreu outros 12 gols em oito jogos.

Além de Pickford, outros quatro integrante­s do time inglês na Rússia podem ir a uma final de Copa sem terem atuado nem dez vezes pela seleção.

Fábio Aleixo e Igor Gielow

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Lee Smith/Reuters O goleiro inglês Pickford durante treinament­o

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