Folha de S.Paulo

Estão em jogo o campeão e o craque do Mundial russo

Em decisão sem estrelas apontadas como favoritas antes do Mundial, França e Croácia se enfrentam na final que definirá o título e o melhor jogador da Copa

- -Alex Sabino e Luiz Cosenzo

França e Croácia disputam o título enquanto o posto de craque da Copa segue em aberto. As grandes estrelas falharam, e nomes fortes ficaram pelo caminho. Na final, ao menos três estão cotados.

Até o início de junho, não era difícil apostar em quem seria o maior craque da Copa: Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar despontava­m. Quando o torneio começou, apareceram Hazard gastando a bola pela Bélgica e Harry Kane como artilheiro do Mundial pela Inglaterra. Todos ficaram pelo caminho.

A final entre França e Croácia neste domingo (15), às 12h, em Moscou, fará mais do que coroar o novo campeão. Determinar­á o melhor do torneio, que poderá até ganhar ares de favorito para o prêmio de melhor do ano da Fifa.

Os candidatos a craque das duas seleções finalistas refletem o que as suas equipes foram durante o torneio.

A França tinha uma base e chegou com ar de favorita. Descansada e sem jogar nenhuma prorrogaçã­o até agora, o time tem em Griezmann o seu ponto de apoio. Não pelos gols, como seria de se esperar. Um dos mais valorizado­s atacantes do futebol mundial, fez três na Copa. Mas chama a atenção por recuar para atuar como meia e ajudar na recuperaçã­o de bolas.

“Poucos jogadores fazem isso. Ele tem prazer em fazêlo. É um sacrifício, mas ele faz com prazer. É muito decisivo, anota gols, marca, corre, dá passes decisivos. É o Grizou que amamos”, se rasgou em elogios o meio-campista e colega de seleção Pogba.

Grizou é um apelido que lembra o de Zinedine Zidane, o Zizou, maior craque francês de sua geração, campeão em 1998 e vice em 2006.

Griezmann foi eleito o terceiro melhor jogador do mundo em 2016, quando a França foi vice-campeã da Eurocopa.

Com gols e assistênci­as, o camisa sete foi peça-chave nos três últimos jogos da França. “Comecei timidament­e a competição. Este é o tipo de jogo [partidas decisivas] que adoro. É o jogo que eleva o nível da pessoa. Estou com plena confiança”, disse Griezmann.

“Esta é uma oportunida­de de ganhar a Copa. Não me importo com a Bola de Ouro”, completou, citando o prêmio de melhor do mundo.

É o mesmo raciocínio de Modric, o camisa 10 croata, elogiado pelos analistas até aqui. Estar na briga para ser o melhor da Copa é uma surpresa quase tão grande quanto a sua seleção chegar à final.

Acostumado a carregar o piano para outros brilharem no Real Madrid (ESP), na Croácia ele é o astro. Um craque exausto como a sua seleção, que atravessou as oitavas, quartas e semifinal sempre passando pela prorrogaçã­o e em todas as vezes saindo em desvantage­m no placar. “Estão todos exaustos, não sei quem poderá jogar”, afirmou o técnico Zlatko Dalic.

Modric é quem mais tempo esteve em campo pela sua seleção: 604 minutos. Foi escalado até mesmo na última rodada da fase de grupos, contra a Islândia, partida em que a Croácia atuou classifica­da.

“Repeti várias vezes que estou focado apenas no sucesso da Croácia. Mas não me preocupo com isso. Quero que meu time ganhe a Copa. O resto está fora do meu controle. Estou feliz”, disse o meia croata na véspera da decisão.

A vitória de Modric seria o triunfo de uma eficiência que não costuma ser lembrada pela Fifa. Mas se a Croácia for campeã, protagoniz­ando um dos mais improvávei­s títulos da história do futebol, quem poderá dizer que ele não merece? “Modric vem guiando o time, guiando o jogo. É um jogador muito decisivo em aspectos técnicos, alguém que pode mudar uma partida, alguém que está dando fisicament­e o que precisa. É um dos jogadores que é capaz de vencer o prêmio de melhor jogador”, disse o ex-atacante holandês Marco van Basten, membro da Fifa que ajudará na escolha do melhor jogador.

Fazem parte também da equipe de analistas os treinadore­s Carlos Alberto Parreira, Bora Milutinovi­c, Andy Roxburgh e o ex-jogador nigeriano Emmanuel Amunike.

“Eu concordo que, sendo realista antes da Copa, era normal falar de Messi, Ronaldo e Neymar. Mas durante a Copa [eles] foram para casa, estão na praia. Outros jogadores ficaram, especialme­nte Luka Modric. Ele é o homem do torneio”, concordou Dalic.

Se Modric é o astro absoluto, Griezmann tem em sua própria equipe um figurante que corre por fora para ganhar o prêmio de melhor jogador do Mundial: o jovem Kylian Mbappé, eleito o melhor em campo em duas das seis partidas disputadas pela França até agora na competição.

Autor de três gols no torneio, ele é nome praticamen­te certo na eleição de melhor jovem do Mundial —prêmio ofe- recido para jogadores nascidos após 1º de janeiro de 1997.

Já ao prêmio principal, outros candidatos fortes são Eden Hazard, 27, da Bélgica, e Harry Kane, 24, da Inglaterra. O meia-atacante, que atua pelo Chelsea, é o principal jogador da seleção belga. Na vitória diante do Brasil, ele acertou os dez dribles que tentou. Já na derrota para a França, criou as melhores jogadas belgas na partida.

Kane, que pertence ao Tottenhan, foi o principal jogador inglês na campanha. É o artilheiro do Mundial com seis gols. Neste sábado (14), na disputa pelo terceiro lugar, ele viu sua seleção ser derrotada pela Bélgica por 2 a 0 (gols de Hazard e Meunier).

A lista dos dez finalistas ao prêmio do The Best será anunciada no dia 23, uma semana após o Mundial. Não há garantia, porém, que o eleito será de uma das finalistas.

Em 2010, o Uruguai foi derrotado pela França na semifinal, mas a Fifa escolheu o atacante Diego Forlán como principal nome. Mesmo um atleta derrotado na decisão pode ser eleito, como aconteceu com Lionel Messi, em 2014, e com o alemão Oliver Kahn, em 2002.

O fato é que a Copa do Mundo de 2018 chega à final ainda à procura do seu craque. Leia mais nas págs. 2 e 4

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Roman Kruchinin - 16.jun.18/AFP
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Johannes Eisele - 21.jun.18/AFP

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