Folha de S.Paulo

Vários dirigentes são acusados de corrupção

Investigad­os e até presos em ações da PF, alguns renunciam, mas há os que, ainda assim, permanecem no comando

- Raquel Landim

Assuero Doca Veronez, presidente da Faeac (Federação da Agricultur­a do Acre), foi preso, em Rio Branco, pela Operação Delivery, da Polícia Federal, por suspeita de participar de uma rede de exploração sexual de menores em novembro de 2012.

No ano seguinte, ele foi condenado a seis anos de reclusão, com o direito de recorrer em liberdade.

Na época em que o escândalo veio à tona, Assuero era vice-presidente da CNA (Confederaç­ão Nacional da Agricultur­a) e foi rapidament­e afastado do cargo. Mas, passados seis anos, a situação voltou a ser exatamente a mesma.

Assuero acaba de ser reeleito para mais um mandato, que vai até 2021, à frente da Faeac e continua como vicepresid­ente da CNA.

Procurada, a assessoria de imprensa da Faeac não retornou às ligações.

A assessoria da CNA não quis comentar a situação do líder sindical, se ele foi condenado ou inocentado em segunda instância, e disse apenas que todos os presidente­s de federação são vice-presidente­s da confederaç­ão.

A acusação ao dirigente acriano é apenas a mais extrema. A Folha identifico­u outros exemplos de presidente­s e expresiden­tes de federações e confederaç­ões presos, investigad­os ou suspeitos de ter cometido crimes —os mais comuns são nepotismo, corrupção e desvio de recursos.

Orlando Diniz, então presidente da Fecomercio do Rio de Janeiro, foi preso acusado de participar do esquema de lavagem do dinheiro do ex-governador Sérgio Cabral (MDB).

Posteriorm­ente liberado por um habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, Diniz acabou renunciand­o à presidênci­a da entidade.

Desde então, o Sesc e o Senac do Rio passaram a ser administra­dos por um intervento­r indicado pela CNC (Confederaç­ão Nacional do Comércio), cujo presidente é inimigo político de Diniz.

Luiz Gastão Bittencour­t se licenciou da presidênci­a da Federação do Comércio do Ceará para ocupar o cargo.

Pairam sobre o intervento­r suspeitas de ligações entre suas empresas, que administra­m presídios, e políticos —acusações que ele nega e argumenta que “não há qualquer decisão desfavoráv­el” da Justiça.

Também foi preso neste ano, no Rio, Lelis Teixeira, presidente da Fetranspor (Federação das Empresas de Transporte de Passageiro­s do Rio).

Com o maior empresário de ônibus do Estado, Jacob Barata Filho, Lelis foi acusado de participar de outro esquema de Cabral. Ele renunciou ao comando da Fetranspor.

Clésio Andrade, presidente da CNT (Confederaç­ão Nacional do Transporte) foi condenado a cinco anos de prisão por participar do desvio de recursos de estatais mineiras quando era vice-governador do estado, conhecido como “mensalão tucano”.

Segundo a assessoria de imprensada­entidade,acondenaçã­o é “injusta e absurda” e “se refere ao período em que Clésio estava licenciado para concorrer como vice-governador, não havendo, portanto, relação com as atividades na CNT”.

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