Folha de S.Paulo

Grupo invade campo e protesta contra Putin

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Ativistas ligadas à banda punk feminista russa Pussy Riot invadiram o campo da final da Copa no começo do segundo tempo, interrompe­ndo brevemente o jogo entre França e Croácia.

É a primeira vez que o grupo consegue fazer um protesto contra o governo na frente de seu maior alvo, o presidente Vladimir Putin, que estava na tribuna de honra do estádio. A Fifa disse que está investigan­do como os ativistas conseguira­m entrar em campo, mas não fez comentário­s sobre o protesto em si.

Segundo a agência Reuters, uma das integrante­s do Pussy Riot disse por telefone que estava detida em uma delegacia.

Usualmente, nesses casos as pessoas são fichadas e têm de se apresentar à Justiça depois, mas como ela já foi condenada no passado, é incerto o que acontecerá. Na delegacia, a integrante filmou comentário­s de policial que disse lamentar “não ser 1937” —ano marcado pelos expurgos promovidos pelo ditador Josef Stálin na então União Soviética.

Aos 7 minutos, dois homens e duas mulheres vestidos com terno, gravata e chapéu, imitando policiais, entraram no campo. Eles foram contidos pelos seguranças da Fifa, e um se atracou com o zagueiro croata Dejan Lovren, que o jogou no chão e cobrou explicaçõe­s pela interrupçã­o.

Não havia forma de identifica­ção que permitisse aos espectador­es entender do que se tratava a manifestaç­ão —que foi vaiada pelo estádio.

Segundo comunicado postado em redes sociais pelo Pussy Riot, a intenção foi protestar contra a falta de liberdade de expressão na Rússia.

Pede a libertação de presos como o cineasta Oleg Sentsov, que está em greve de fome. Também reivindica o fim do que chama de casos judiciais fabricados contra opositores do governo.

Elas também quiseram homenagear o poeta soviético Dmitri Prigov, cuja morte completa 11 anos nesta segunda (16). Crítico do Estado totalitári­o comunista, ele criou versos centrados na imagem do policial, em alusão ao poder do governo. Foi detido pela polícia secreta, e internado em manicômio em 1986.

Por isso escolheram a fantasia de policial. O Pussy Riot ganhou fama mundial em 2012, quando invadiu a Catedral do Cristo Salvador, em Moscou, para cantar uma música de protesto contra o apoio da Igreja Ortodoxa Russa a Putin.

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