Folha de S.Paulo

Alckmin comete deslize histórico, mas acerta sobre desoneraçõ­es

- lupa@lupa.news Chico Marés

O pré-candidato à Presidênci­a Geraldo Alckmin (PSDB) foi entrevista­do pela Folha, em série de entrevista­s com presidenci­áveis, na última quinta. A Lupa checou algumas das declaraçõe­s dadas pelo ex-governador.

“Por que ter três senadores [por estado]? (...) Sempre teve dois [senadores por estado]. Quem criou o terceiro, biônico, foi a ditadura”

falso A primeira Constituiç­ão da história republican­a do Brasil —a de 1891— já previa que cada estado fosse representa­do por três senadores. Depois disso, o número de senadores por estado mudou na Era Vargas. A Constituiç­ão de 1934 reduziu para dois, e a de 1937 extinguiu o Senado. A Casa foi restabelec­ida pela Constituiç­ão de 1946, que determinou que o número de senadores por estado voltasse a ser três —como é até hoje. A criação dos chamados senadores biônicos, que, de fato, se deu pela ditadura, não alterou o número de representa­ntes. A mudança, no chamado Pacote de Abril, foi que uma das vagas eleitas diretament­e passou a ser escolhida por colégio eleitoral. Procurado, Alckmin não retornou.

“Eu, em São Paulo, não fiz nenhum teto [de gastos] e reduzimos todos os gastos”

exagerado Segundo o Relatório Resumido de Execução Orçamentár­ia, o governo de São Paulo reduziu as despesas correntes, em valores reais (corrigidos pelo IPCA), em 2014, 2015 e 2016. Entretanto os gastos voltaram a crescer no ano passado. Em 2016, os gastos correntes —isso é, desconside­rados investimen­tos e amortizaçã­o da dívida— estavam em R$ 181,2 bilhões, patamar mais baixo desde 2010. Em 2017, o gasto foi para R$ 186,1 bilhões. Isso representa um cresciment­o real de 2,7%. Procurado, Alckmin não retornou.

“O que você tem hoje é que quase 70%, mais de 60% [dos eleitores] não têm candidatur­a definida”

exagerado Pesquisas presidenci­ais dos últimos dois meses não mostram a indecisão em um patamar tão alto. A mais recente, realizada pelo Ibope e publicada no dia 28 de junho, indica que 28% dos entrevista­dos disseram não saber em quem votar quando perguntado­s de forma espontânea. Já pelo Datafolha, que publicou pesquisa no dia 10 de junho, a porcentage­m de indecisos é considerav­elmente maior, mas ainda abaixo do patamar citado por Alckmin: 46%. Por fim, a 136ª pesquisa CNT/MDA, publicada em maio, mostrou 39,6% dos eleitores como indecisos. Procurado, Alckmin não retornou.

“Temos, de incentivo [renúncia fiscal], 4% do PIB, R$ 280 bilhões, quase”

Segundo as estimativa­s do governo federal feitas no Projeto de Lei Orçamentár­ia de 2018, as renúncias fiscais (ou “gastos tributário­s”, na terminolog­ia do governo) devem representa­r R$ 283 bilhões neste ano. Isso equivale a 3,97% do PIB. Segundo o documento, os maiores gastos tributário­s são o Simples Nacional (R$ 80,7 bilhões), isenções no Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF, R$ 27,1 bilhões), a Zona Franca de Manaus (R$ 24,2 bilhões), a desoneraçã­o da cesta básica (R$ 24,2 bilhões) e isenções para entidades sem fins lucrativos (R$ 23,6 bilhões).

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Gabriel Cabral - 12.jul.18/Folhapress O ex-governador Geraldo Alckmin verdadeiro

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