Folha de S.Paulo

Flexibiliz­ação de gastos de universida­de pode ser vetada

Trecho da LDO permite que verbas extras não entrem no cálculo da emenda do teto

- Laís Alegretti e Angela Boldrini

A equipe econômica quer convencer Michel Temer a vetar trecho do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentár­ias de 2019 com potencial de flexibiliz­ar o teto de gastos.

Integrante­s da Fazenda e do Planejamen­to criticam a inclusão de parágrafo que permite que as despesas de universida­des pagas com receitas próprias fiquem fora do teto.

O texto foi aprovado pelo Congresso na semana passada e depende de sanção.

O principal argumento da área econômica é que a permissão, incluída durante a tramitação da lei que dá base para a formulação do Orçamento, é inconstitu­cional.

Consideran­do que a determinaç­ão de que as despesas devem respeitar o teto de gastos foi feita via emenda constituci­onal, o entendimen­to desse grupo é que essa flexibiliz­ação não poderia ser feita por lei —ainda que seja a LDO.

Emenda aprovada ainda na Comissão Mista de Orçamento estabelece que esses gastos pagos com receitas próprias das universida­des não farão parte das despesas primárias. Dessa forma, ficam fora do rol de gastos que devem obedecer aos limites do teto.

A emenda é um pleito do Ministério da Educação e das entidades ligadas à administra­ção das universida­des federais.

O argumento dos apoiadores é que a Constituiç­ão estabelece apenas que as despesas primárias não devem superar o teto, mas não traz a discrimina­ção desses gastos. Eles consideram as receitas próprias um “recurso extra”.

São verbas de convênios, doações, aluguéis de imóveis, taxas e cursos de pós-graduação.

Segundo o Ministério da Educação, a receita própria dessas entidades prevista para este ano soma R$ 1 bilhão.

As entidades dizem que o dinheiro de arrecadaçã­o própria tem usos predefinid­os, como uma pesquisa específica acordada em convênio, e por isso não pode substituir recursos do Tesouro, que pagariam as despesas básicas regulares.

Para a Fazenda, os recursos devem ser usados para ajudar a reduzir o déficit primário, cuja projeção para 2019 é de R$ 139 bilhões. O teto de gastos, criado em 2016, impede que despesas cresçam acima da inflação do ano anterior.

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