Folha de S.Paulo

Brasil bate recorde de venda de suco de laranja ao exterior

Com 1,15 mi de toneladas, alta de exportaçõe­s gerais na safra 2017/18 é de 29%

- Marcelo Toledo

Graças ao mercado dos Estados Unidos, que sofreu problemas internos, o Brasil fechou a safra 2017/18 de laranja com cresciment­o de 29% nas exportaçõe­s de suco da fruta. Com isso, o volume embarcado foi o maior da história.

É o que apontam dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) compilados pela CitrusBR (Associação Nacional dos Exportador­es de Sucos Cítricos), que reúne as gigantes do setor.

O país exportou, no total, 1,15 milhão de toneladas de suco de laranja concentrad­o, ante as 894,6 mil toneladas da safra anterior —o ano agrícola da laranja vai de julho de um ano a junho do ano seguinte.

Só para os Estados Unidos foram embarcadas 315,4 mil toneladas, o que representa 83% de cresciment­o em relação às 172,7 mil toneladas do ano anterior.

Foi um aumento muito superior ao registrado para outros destinos.

Os americanos compraram mais suco por dois motivos.

O primeiro é que o país sofreu problemas agrícolas com os efeitos do furacão Irma, que entre 6 e 7 de setembro do ano passado arrasou cidades do Caribe e o sul da Flórida, provocando mais de 60 mortes.

Com os estragos provocados pelo furacão, plantações foram destruídas.

Além disso, o mercado dos EUA comprou mais porque, na safra anterior, o Brasil exportou menos por causa da restrição provocada pela safra nacional, que foi inferior.

“O furacão provocou um impacto terrível nesta safra na produção americana, em um momento em que o consumo de suco está caindo lá”, disse o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

Segundo ele, a redução no consumo chegou a 6% em relação a 2017. Mesmo consumindo menos, eles ampliaram a compra do suco brasileiro.

“Ao contrário do que possa parecer, não é bom ver o mercado [nos EUA] em queda, pois eles consomem mui- to suco anualmente. O ano foi bom, os nossos fundamento­s estão ajustados, mas o setor continua sensível”, disse Netto.

Com esse cenário, produtores de laranja esperam receber das gigantes do setor uma rentabilid­ade maior em 2019.

“Muitos contratos são feitos com participaç­ão nos valores, enquanto outros são feitos com preço fixo, sem participaç­ão. Acreditamo­s que poderemos ter uma participaç­ão maior [com o volume de embarques feitos]”, disse Marco Antonio dos Santos, presidente do Sindicato Rural de Taquaritin­ga (SP).

A atual safra, que está no começo, tem pago valores entre R$ 21 e R$ 22 pela caixa de 40,8 quilos, valor que vai ser suficiente para cobrir os custos do setor, mas não remunerar adequadame­nte, segundo Santos.

“O preço seria bom se os pomares tivessem alta produtivid­ade, mas teremos quebra de safra em relação ao ano passado”, disse.

Ele citou o combate a doenças como o greening e o cancro cítrico, além do imbróglio envolvendo os fretes, como pontos que elevam os custos.

A safra 2018/19 deverá ter queda de 27,62% na produção no cinturão citrícola formado por São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais, segundo estimativa do Fundecitru­s (Fundo de Defesa da Citricultu­ra).

Ela deverá atingir 288,29 milhões de caixas, ante as 398 milhões da safra passada.

Os embarques para os EUA chegaram a US$ 561,7 milhões (R$ 2,16 bilhões), ante os US$ 317,5 milhões (R$ 1,22 bilhão) da safra anterior —cresciment­o de 77%.

Mas, apesar de os EUA terem apresentad­o o maior cresciment­o nas exportaçõe­s, a Europa ainda compra do Brasil mais do que o dobro do enviado aos americanos. Foram 675 mil toneladas, ante as 579,5 mil toneladas da safra 2016/17.

O cresciment­o, porém, ainda não alcança o patamar da safra 2015/16, quando foram embarcadas 748,1 mil toneladas de suco à Europa.

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