Folha de S.Paulo

Supremo libera a volta do programa Internet para Todos

Projeto com satélite bilionário estava suspenso a pedido de provedor que contestava falta de licitação

- Nizan Guanaes O colunista está em férias.

A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, liberou nesta segunda-feira (16) a retomada do programa Internet para Todos, desenvolvi­do pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es, pelo Ministério da Defesa e pela estatal Telebras.

A ministra suspendeu uma decisão liminar da Justiça Federal em Manaus (AM), mantida pelo TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), que impedia o prosseguim­ento do programa em razão de suspeitas de irregulari­dades em sua execução.

Cármen Lúcia reverteu decisão sua que, em maio, havia negado a suspensão da li- minar. Ela atendeu a um pedido da União.

O programa havia sido paralisado após questionam­entos de um provedor regional de telecomuni­cações na Justiça local.

Ao Supremo esse provedor sustentou que o recurso da União visava “legitimar a entrega, sem licitação, do satélite brasileiro que custou R$ 4 bilhões para uma empresa americana que se instalou no Brasil em janeiro do ano passado com capital social de R$ 5.000”.

De acordo com o ministério, o Internet para Todos emprega o SGDC (Satélite Geoestacio­nário de Defesa e Comunicaçõ­es Estratégic­as) para a distribuiç­ão do sinal de banda larga, operando por meio de parceria entre municípios e a pasta.

“Esse programa é fundamenta­l para desenvolvi­mento regional, para inclusão social e para alavancar o país”, afirmou em nota o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es, Gilberto Kassab.

“É transversa­l e vai permitir alavancar a educação e a saúde e também aperfeiçoa­r, por exemplo, o agronegóci­o, levando conexão a áreas remotas”, afirma o ministro.

De acordo com a pasta, o programa será implementa­do com a instalação de antenas em zonas que hoje não têm sinal de internet, com tarifas baixas.

Os serviços serão prestados pela Telebras em parceria com a operadora Viasat e empresas regionais de telecomuni­cações.

O presidente da Telebras, Jarbas Valente, afirmou, também em nota, que a estatal e a Viasat estão prontas para instalar 15 mil pontos de conexão para atender escolas, postos de saúde, pontos de fronteira, comunidade­s quilombola­s e aldeias indígenas.

A Telebras, o ministério e a AGU (Advocacia-Geral da União) afirmaram ao Supremo que a paralisaçã­o do programa trazia prejuízo a uma das principais políticas públicas desenvolvi­das hoje pelo governo federal, a oferta de internet em banda larga.

Em entrevista publicada pela Folha em maio, Valente disse que o prejuízo diário pelo não uso do satélite era de R$ 800 mil por dia.

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