Problema do pré-candidato do PSL é civilizatório, diz Lafer Piva
Para o ex-presidente da Fiesp Horácio Lafer Piva, o problema de Jair Bolsonaro (PSL), pré-candidato à Presidência, não é econômico, mas civilizatório. “O Brasil retrocederia e voltaria a discutir temas como gênero, segurança.” O empresário disse também, em entrevista, espantarse com o domínio do centrão na cena política.
são paulo Líder nas pesquisas, aplaudido por industriais, ovacionado como mito em aeroportos.
A combinação destes fatores tem dado a sensação no mercado financeiro e entre grandes empresários de que Jair Bolsonaro, mesmo afeito a declarações polêmicas, parece não representar uma ameaça à economia do país.
O empresário Horácio Lafer Piva, 61, é um dos que atesta que o problema de Bolsonaro não é o da condução da economia. “O problema do Bolsonaro é civilizatório. O Brasil retrocederia neste ponto e voltaria a discutir temas como gênero, segurança… O Brasil não precisa disso.”
Piva écomanda uma das principais indústrias de papel do país, a Klabin, e foi presidente da Fiesp. Em entrevista à Folha, disse que se espanta com o fato de o “centrão” comandar a cena política.
Os partidos que compõem esse grupo —DEM, PP, PRB e
“O problema do Bolsonaro é civilizatório. O Brasil retrocederia neste ponto e voltaria a discutir temas como gênero, segurança… O Brasil não precisa disso Horácio Lafer Piva empresário
Solidariedade— são paparicados por Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), pela força que podem trazer às suas campanhas. O MDB, para ele, também é outro grande centro de interesses.
“Acreditar demais neste momento nos candidatos é perda de tempo”, diz Piva. “Quais são as demandas do ‘centrão’? Só vamos saber mais adiante. Me proponho a acreditar no que os candidatos estão dizendo só depois de já terem negociado.”
O“centrão” tem tido força para barrar votações consideradas importantes pelos empresários, como aconteceu coma reforma da Previdência. E também para apoiar outras reformas consideradas ruins pelo empresário, como apolítica.
“Maior golpe que teve no Brasil foi oda reforma política, que manterá apolítica na mãos dos mesmos”, diz Piva, referindo-se às mudanças nas regras que na prática inviabilizam o potencial de novas candidaturas para o Legislativo.
Historicamente o empresário é ligado ao tucanato, mas ele não declarar voto ou mesmo não-voto neste momento a qualquer candidato.
Na sua avaliação, só quatro têm chances reais de se eleger: Alckmin, Bolsonaro, Ciro e Marina. De antemão, coloca dúvidas sobre uma chance real de transferência de votos de Lula a um candidato do PT, que ele acredita que será Fernando Haddad.
Marina, segundo Piva, tem grande potencial de se mostrar como uma alternativa ao eleitor desalentado, desde que consiga se destacar na campanha. Alckmin depende das coligações para decolar e Ciro tem se colocado como uma opção de centro, mesmo que de esquerda. “Mas é muito cheio de certezas e com viés muito estatizante”.
No cenário traçado nas conversas entre empresários e representantes de mercado financeiro, só há uma certeza: a de que ninguém tem certeza. “Mesmo aqueles que tentam apontar as certezas não estão tão certos quando pressionamos um pouco”, diz Piva.