Folha de S.Paulo

Partidos oficializa­m candidatos com líderes nas pesquisas isolados

- Marina Dias, Bernardo Caram e Daniel Carvalho

As convenções partidária­s começam nesta sexta (20) em cenário inusitado: os dois líderes na corrida presidenci­al, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), seguem sem condições políticas de fechar um arco de alianças, enquanto nomes que não chegam a 10% nas pesquisas devem firmar os acordos mais expressivo­s.

As convenções, que reunirão filiados para oficializa­r as candidatur­as até 5 de agosto, devem ocorrer sem o anúncio do vice na maioria dos casos, e as coalizões só serão conhecidas em definitivo perto do prazo final para o registro das chapas, em 15 de agosto.

Na ponta das pesquisas, Lula e Bolsonaro têm afastado potenciais aliados e serão aclamados candidatos mais para tentar mostrar força do que para apresentar coligações e programa de governo.

O PSL, por exemplo, lançará o capitão reformado neste domingo (22), no Rio, após o fracasso das negociaçõe­s com PR e PRP para a escolha de um vice.

Com cerca de 20% nas pesquisas, Bolsonaro tem oito segundos de tempo de TV e parece não conseguir convencer os políticos de que é uma opção segura para esta eleição.

Detentor de uma estrutura partidária muito mais ampla e de 1 minuto e 35 segundos de tempo de TV, Lula tem 30% das intenções de voto e chances de transferir boa parte de seu espólio a outro nome caso não possa concorrer. Condenado e preso em Curitiba, porém, o ex-presidente deixa reticentes partidos simpáticos a ele ao manter o discurso de sua candidatur­a mesmo com o veto da Lei da Ficha Limpa.

A convenção do PT, inicialmen­te marcada para 4 de agosto, vai aclamar o ex-presidente como candidato, mas a cúpula do partido ainda tem dúvida sobre lançar ou não um vice durante o evento, e outros partidos não devem ser anunciados como parte da coligação.

Quem busca ganhar espaço na esquerda com a inelegibil­idade do ex-presidente é Ciro Gomes, que será aclamado candidato do PDT ao Planalto nesta sexta (20). O ex-governador do Ceará está em segundo lugar nas pesquisas quando Lula não está no páreo e duela com ele pelo apoio de PC do B e PSB.

Ciro também rivaliza com Geraldo Alckmin (PSDB) pelo chamado “centrão”, com DEM, PP, SD, PRB e PR. Apesar das negociaçõe­s, Ciro deve ir para a convenção de seu partido sem um acordo concreto. Após esnobar Bolsonaro, o PR decidiu se unir ao “centrão”. O grupo tentará definir nesta quinta-feira (19) quem apoiará.

Com até 7% nas pesquisas, Alckmin será lançado candidato em 4 de agosto e diz contar com pelo menos quatro partidos na sua aliança: PTB, PPS, PV e PSD. Deixou, porém, o evento para o final do prazo para tentar formalizar mais apoio.

Marina aparece com até 15% das intenções de voto, mas tem tido dificuldad­e para se coligar a outras legendas e detém 12 segundos de TV. Assim como PT e PSDB, a Rede fará convenção em 4 de agosto.

Já o MDB, de Henrique Meirelles, fará sua convenção no dia 2 de agosto, e o desafio do pré-candidato é conseguir metade dos 629 votos para ser aclamado o nome do partido.

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