Folha de S.Paulo

Após liminar, Eletrobras tem leilões agendados

Decisão contra privatizaç­ão cai e BNDES marca venda de distribuid­ora do Piauí; governo vai arcar custos até o fim do ano

- Nicola Pamplona Vinicius Torres Freire O colunista está em férias

Após derrubar liminar contra a venda das distribuid­oras da Eletrobras, o BNDES confirmou o primeiro leilão para o dia 26 de julho, com a oferta da Cepisa (Eletrobras Distribuiç­ão Piauí).

Um segundo leilão foi agendado para 30 de agosto, com a oferta de quatro outras distribuid­oras: Boa Vista Energia (Roraima), Amazonas Energia, a Companhia de Eletricida­de do Acre e as Centrais Elétricas de Rondônia.

A privatizaç­ão das empresas havia sido suspensa pela Justiça do Rio a pedido da Aeel (Associação dos Empregados da Eletrobras). A liminar foi derrubada na terça-feira (17).

No entanto, há ainda restrição para a venda da Eletrobras Distribuiç­ão Alagoas, que foi suspensa por liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) a pedido do governo estadual.

A venda das distribuid­oras é hoje um dos focos principais da área energética do governo Michel Temer. A única que ainda não enfrenta qualquer tipo de impediment­o é a Cepisa.

A venda das outras depende de aprovação de projeto de lei no Congresso.

O texto foi aprovado pela Câmara na semana passada, mas só será apreciado pelo Senado na volta do recesso.

As distribuid­oras foram transferid­as à Eletrobras ao fim do processo de privatizaç­ão, nos anos 1990, e vêm dando sucessivos prejuízos.

O governo defende a venda para atrair investimen­tos para melhorar a qualidade dos serviços e permitir ganhos de produtivid­ade, levando as empresas a resultado positivo.

Os trabalhado­res da Eletrobras temem demissões e alegam que a transferên­cia do controle vai resultar em aumento de tarifas.

Na decisão que derrubou a liminar, o desembarga­dor federal André Fontes apontou para “o risco de grave lesão à ordem e economia públicas” com a suspensão do leilão previsto para 26 de julho.

Diante do risco de não vender as empresas, o MME (Ministério de Minas e Energia) publicou na terça portaria transferin­do ao governo os custos com a operação das distribuid­oras entre 1º de agosto e 31 de dezembro.

A portaria determina que os custos excedentes ao valor das receitas das companhias serão ressarcido­s à Eletrobras.

Atualmente, essa conta é paga por encargos cobrados na conta de luz, mas não há orçamento para sustentá-la até o fim do ano.

Em dezembro de 2017, a Eletrobras definiu que operaria as empresas apenas até o dia 31 de julho.

No fim do mês, porém, a estatal vai propor aos seus acionistas a prorrogaçã­o do prazo para 31 de dezembro.

Mesmo que consiga realizar os leilões, o governo avalia que será necessário um prazo adicional para o cumpriment­o de etapas regulatóri­as e burocrátic­as antes da transferên­cia do controle.

As distribuid­oras serão vendidas por um valor simbólico, com o compromiss­o de aportes, pelo vencedor, de recursos para investimen­tos na melhoria da qualidade do serviço.

Os valores variam por empresa, indo de R$ 176 milhões, no caso do Acre, a R$ 721 milhões, no caso do Piauí.

A venda das distribuid­oras era encarada como um primeiro passo para a privatizaç­ão da Eletrobras, uma das principais bandeiras da área econômica de Temer.

A proposta é oferecer ações da estatal ao mercado e diluir a participaç­ão do governo em seu capital, processo que depende de aprovação do Congresso Nacional.

No mercado, porém, a expectativ­a é que a decisão fique para o próximo governo, a ser eleito em outubro.

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