Folha de S.Paulo

Os vínculos da atitude antivacina­ção

- Julio Abramczyk Na Folha desde 96 , é vencedor dos prêmios Esso e José Reis

Há pessoas que acreditam que a morte da princesa Diana foi concebida para parecer um acidente, que o governo americano sabia anteriorme­nte sobre o ataque de 9/11 em Nova York (permitindo que ele acontecess­e), que há um grupo de elite conspirand­o para criar uma nova ordem mundial e que o presidente John F. Kennedy foi assassinad­o como parte desse plano.

Essas pessoas também são mais propensas a pensar que as vacinas são inseguras, apesar de evidências científica­s demonstrar­em sua eficácia, relata Matthew Hornsey na revista Health Psychology. O estudo teve por base um questionár­io apresentad­o a 5.323 pessoas de 24 países.

O psicólogo e sua equipe concluíram que o nível de educação tem pouca influência na atitude antivacina­ção. Ao contrário, quanto mais esta pessoa acreditar na trama sobre a morte da princesa Diana, mais atitudes negativas terá em relação às vacinas.

No Brasil, a vacinação é obrigatóri­a segundo o decreto federal 78.231 de 12 de agosto de 1976. A diminuição do número de mortes de crianças nos últimos 40 anos por sarampo, tuberculos­e, difteria, tétano, coqueluche e poliomieli­te é a melhor prova da importânci­a das vacinas contra essas doenças assassinas, como as denomina a OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde).

Em relação às consequênc­ias (paralisia no caso da pólio) ou mortes relacionad­as à ausência de proteção pela vacina, as “fake news” desempenha­m um importante papel.

Como demonstram Luana Raposo M. Aps e colaborado­res na Revista de Saúde Pública, da Faculdade de Saúde Pública da USP, não há relação causal entre aplicação de vacinas e autismo, doença de Alzheimer ou narcolepsi­a.

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