Folha de S.Paulo

Família relata como foram as últimas horas de Lilian Calixto

- Vinicius Lemos BBC News Brasil

A gerente de banco Lilian Calixto, de 46 anos, viajou de Cuiabá (MT) para o Rio de Janeiro, na manhã do último sábado (14), para fazer as intervençõ­es estéticas que planejava havia quatro meses. Antes de embarcar, ela disse à família que passaria por um procedimen­to sem grandes complicaçõ­es, que duraria no máximo 1h30, e retornaria na noite do mesmo dia para a capital mato-grossense.

O responsáve­l pelos procedimen­tos que, no fim, causaram a sua morte foi Denis César Barros Furtado, médico conhecido como Doutor Bumbum e que ela acompanhav­a nas redes sociais havia seis meses. Furtado tinha mais de 600 mil seguidores no Instagram e, em seu perfil, propagava resultados de intervençõ­es que inspiraram a bancária a procurá-lo.

Lilian marcou as intervençõ­es pelo WhatsApp. Ela queria colocar um chip que funcionari­a como implante hormonal, por causa da menopausa, e também aplicar PMMA (polimetilm­etacrilato) nos glúteos.

Só a implantaçã­o do chip para controle hormonal foi comunicada à família. Uma amiga sabia que ela também passaria pela aplicação do PMMA. Os parentes da bancária descobrira­m a segunda intervençã­o somente quando souberam de sua morte.

Familiares acreditam que Furtado tenha cobrado R$ 20 mil pelos procedimen­tos e não sabem se ela pagou o valor integral antes das intervençõ­es.

Os procedimen­tos estavam agendados para serem feitos em Brasília, onde o médico diz ter uma clínica. Mas, na última sexta (13), Furtado informou à paciente que as intervençõ­es só poderiam ser feitas no Rio de Janeiro.

Logo que desembarco­u na capital fluminense, na tarde de sábado, Lilian pegou um táxi e foi ao endereço informado pelo médico —uma cobertura na Barra da Tijuca.

Ela chegou ao prédio por volta das 17h e pediu ao taxista que a esperasse por duas horas. Segundo o enteado de Lilian, Alessandro Jamberci, o motorista ficou lá até as 22h. “Ele só saiu quando a avistou no carro do médico. O taxista foi nossa peça-chave para descobrir as informaçõe­s”, diz o filho dela, Victor Calixto.

A bancária foi levada pelo próprio médico para o Hospital Barra D’Or por volta das 22h50. Conforme boletim médico, Lilian chegou com falta de ar e taquicardi­a. Ela relatou que havia aplicado cerca de 300 mililitros de PMMA nos glúteos. A bancária morreu às 1h12 de domingo com suspeita de embolia pulmonar.

A bancária foi enterrada na manhã do dia seguinte em um cemitério da capital mato-grossense. Familiares dela relataram à BBC News Brasil que planejam entrar com uma ação judicial contra Furtado.

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Leo Correa/Associated Press Denis Furtado, o Dr. Bumbum, chega à delegacia na Barra da Tijuca nesta quinta (19)

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