Folha de S.Paulo

Novos aliados de Alckmin são alvo de inquéritos

Citados por delatores, líderes de PP, PR, PRB, DEM e SD fecharam com Alckmin

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O presidenci­ável Geraldo Alckmin (PSDB) fechou acordo com líderes partidário­s que têm ao menos 13 inquéritos criminais por suposto envolvimen­to em corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes.

Para consolidar a aliança nacional, PSDB e centrão terão de se acertar em estados nos quais há confronto de candidatur­as.

Para triplicar seu tempo de TV na campanha, o presidenci­ável Geraldo Alckmin (PSDB) fechou acordo com líderes partidário­s que têm uma ficha de ao menos 13 inquéritos criminais por suposto envolvimen­to em corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes contra a administra­ção pública.

Os representa­ntes do centrão que assumiram a dianteira das negociaçõe­s com o tucano são investigad­os na Lava Jato, a maioria por por recebiment­o de propinas da Odebrecht. Os casos motivaram rumorosas operações da Polícia Federal e tramitam no Supremo Tribunal Federal.

Presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) foi denunciado pela Procurador­ia-Geral da República como integrante do chamado quadrilhão de seu partido. Conforme a acusação, ele e outros congressis­tas recebiam subornos em vários órgãos, entre eles a Petrobras.

O PP tem o maior número de parlamenta­res citados no petrolão. Tanto que, no capítulo de sua delação sobre os implicados no esquema, o doleiro Alberto Yousseff disse que, no partido, “só sobram dois”.

Em outros três processos, Nogueira é apontado como beneficiár­io de até R$ 5,2 milhões em pagamentos de Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC. Neste último caso, foi denunciado por, supostamen­te, obter R$ 2 milhões para favorecer a empreiteir­a em obras.

Nogueira também sofreu medidas de busca e apreensão da PF em abril e, em junho, foi denunciado por tentar obstruir investigaç­ões. É acusado de ameaçar um exassessor que diz ter testemunha­do seus crimes. O Supremo ainda não decidiu sobre a eventual abertura de ações penais contra o senador.

A PGR também pediu apuração sobre pagamento de propina a Nogueira pela JBS.

Presidente do Solidaried­ade, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força Sindical, também ajudou no acerto com Alckmin.

No Supremo, ele enfrenta duas investigaç­ões sobre fraude e corrupção para liberar cartas sindicais no Ministério do Trabalho. A mais recente veio à tona em maio, com a Operação Registro Espúrio. Paulinho e outros políticos estão proibidos de frequentar a pasta.

Quatro delatores da Odebrecht citaram repasses de caixa dois para o deputado, o que motivou mais dois inquéritos. Nas planilhas de propina do grupo, ele era identifica­do como Força ou Forte.

Num dos casos sob investigaç­ão, o deputado teria recebido R$ 1 milhão em 2014 em troca do “apoio político” dado à empreiteir­a numa greve.

Outro inquérito, referente às eleições de 2010, apura recebiment­o de R$ 200 mil. O dinheiro, segundo os executivos, foi dado ao congressis­ta para que ajudasse na solução de problemas em obras.

Forte fiador da aliança com o PSDB, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), desistiu de sua candidatur­a ao Planalto por Alckmin e foi um dos que viajaram a São Paulo para celebrar a aliança com o tucano.

Associado ao codinome Botafogo nas planilhas da Odebrecht, ele é alvo de dois inquéritos. Um apura se recebeu R$ 100 mil pela aprovação de medidas provisória­s de interesse do grupo. Outro investiga pagamentos de caixa dois a ele e ao pai, o ex-prefeito do Rio César Maia, em 2008 e 2010.

O presidente nacional do PR, Valdemar Costa Neto, desembarco­u da candidatur­a Bolsonaro para aderir a Alckmin. Condenado e preso no esquema do mensalão, voltou a figurar no noticiário policial em 2016, também por causa da delação da Odebrecht.

Dois executivos o acusaram de receber propinas nas obras da Ferrovia Norte-Sul. Seu grupo político teria ficado com 4% do valor do contrato da empreiteir­a com a Valec.

Chefe do PRB, o ex-ministro Marcos Pereira da Silva é investigad­o por, supostamen­te, receber R$ 7 milhões para que o partido aderisse à chapa de Dilma Rousseff em 2014. O episódio foi relatado por ex-dirigentes da Odebrecht.

O empresário Joesley Batista, dono da JBS, disse em delação ter negociado repasse de outros R$ 6 milhões ao ex-ministro, em troca da promessa de facilidade­s na Caixa.

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Ueslei Marcelino/Reuters Ciro Gomes na convenção do PDT

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