Casal Obama mantém vida invisível em Washington
Quando Barack e Michelle Obama anunciaram que ficariam em Washington depois de oito anos na Casa Branca, houve um frisson palpável.
A decisão convencional para uma vida pós-Presidência é voltar para casa: um retorno às raízes, uma biblioteca presidencial. Nenhum presidente moderno continuou na capital dos EUA após deixar o cargo. O último foi o adoentado Woodrow Wilson, em 1921.
Por isso, a ideia de que os vibrantes e glamourosos Obamas —duas das pessoas mais famosas do mundo— viveriam na cidade, e não voltariam para Chicago, foi um assunto muito importante na capital americana.
Os antigos washingtonianos esperavam que eles se tornassem embaixadores não oficiais da capital da nação, abraçando sua cidade adotiva. Mas eles abraçaram suas novas vidas como cidadãos privados, com ênfase no privado.
Nos últimos 18 meses — além de algumas aparições públicas cuidadosamente agendadas—, eles raramente são vistos pela cidade.
O casal ainda gosta de frequentar restaurantes e ir ocasionalmente a uma exposição ou peça de teatro. Mas, com exceção de um círculo rarefeito de amigos próximos, eles voam fora do radar.
Na cidade, os Obamas criaram uma bolha protetora que lhes permite máxima flexibilidade e mínima exposição pú- blica. Essa bolha é literal: a rua na frente da casa deles é bloqueada por um carro da polícia, com agentes em serviço 24 horas diariamente, um esquema de segurança padrão para qualquer ex-presidente.
Os visitantes no quarteirão devem se identificar com os policiais antes de seguir para qualquer uma das casas. Não que alguém fosse deparar com os Obamas: eles raramente passeiam com os cachorros e geralmente entram e saem por uma porta lateral da casa, bem vigiada.
Mas essa bolha também é figurativa: os moradores próximos não falam sobre seus vizinhos ilustres. Eles são silenciosos, dizem eles, discretos e têm direito à privacidade.
Eles sempre foram cuidadosos no controle de sua mensagem, e o código de silêncio se estende a quase todos os aspectos da vida social: fale sem autorização e você poderá ser expulso da Obamalândia.
“Por favor, não me cite”, disse uma conhecida local, que então admitiu que raramente vê o casal. “Fico muito honrada que eles estejam indo bem.”
Ninguém em seu círculo íntimo quis falar sobre a vida pós-Presidência em Washington. Suas postagens no Instagram e no Twitter são estritamente pessoais: causas favoritas, aparições em público, votos de aniversários românticos, fotos de férias invejáveis.
De um ponto de vista político, manter um perfil discreto segue uma longa tradição: é considerado errado um expresidente americano se sobressair ou criticar seu sucessor, algo que é mais provável de acontecer quando eles moram na mesma cidade.
Mas a discrição se dá também porque eles viajam muito para promover suas plataformas: liderança jovem, programas de saúde, direitos das mulheres e bem-estar.
Nesta semana, Barack esteve na África do Sul para um tributo de aniversário a Nelson Mandela; Michelle foi a um show de Beyoncé e Jay-Z no domingo (15) em Paris.
Mas todos deveremos ver muito mais dos Obamas em breve, pelo menos na televisão e nas livrarias.
“Becoming”, a autobiografia de Michelle, será publicada nos EUA em novembro; o novo livro de seu marido deve sair no primeiro semestre do ano que vem.
Ambos fazem parte de um contrato de US$ 65 milhões (R$ 245 milhões) com a Penguin Random House, um dos maiores adiantamentos da história. Espere uma turnê de lançamento muito pública, porque eles precisam vender um número recorde de livros para justificar essa quantia.
Há também um acordo com a Netflix para produzir séries e filmes de longa metragem e documentários. As condições não foram reveladas.