EUA revelam trama de sexo e mentiras de suposta agente russa
Durante quatro anos, uma russa se infiltrou em círculos conservadores dos EUA para influenciar políticos republicanos poderosos, enquanto secretamente mantinha contato com agentes da inteligência russa.
Maria Butina, revelaram autoridades federais americanas nesta semana, tinha laços também com um integrante do governo em Moscou e um bilionário próximo ao Kremlin a quem chamava de “financiador”.
Segundo promotores, ela mentiu para conseguir um visto de estudante e frequentar a graduação na Universidade Americana em Washington, em 2016. Depois, de olho em um visto de trabalho que lhe garantisse permanência mais longa, ela propôs a um americano compensá-lo com sexo em troca de um emprego.
Butina foi morar com um operador político republicano que tinha o dobro de sua idade, a quem descrevia como namorado e que realizava seus trabalhos acadêmicos, mas por quem expressava desprezo em particular.
A russa é acusada de conspiração e atuação ilegal como agente de Moscou. Segundo os promotores, ela foi peça central em uma campanha longa e calculada para manobrar políticos americanos em Washington a favor do Kremlin.
Seu advogado, Robert Driscoll, salientou que Butina não foi indiciada pelo procurador especial Robert Mueller, que investiga a interferência russa nas eleições, e, em Moscou, autoridades russas disseram que ela foi um peão em um jogo geopolítico muito maior.
“Você tem a sensação de que alguém pegou um relógio e uma calculadora para determinar quando a decisão sobre a prisão de Maria Butina deveria ser decretada”, disse em nota Maria Zakharova, portavoz da Chancelaria russa, aludindo à reunião entre Donald Trump e o russo, Vladimir Putin, ocorrida no dia 16.
Os promotores americanos não citaram nomes de partidos ou de políticos, mas os esforços de Butina claramente visavam líderes republicanos, sobretudo aqueles com aspirações à Casa Branca em 2016, incluindo o hoje presidente Donald Trump.
O estratagema descrito parece outra das tentativas do governo russo de influenciar o processo político dos EUA.
Enquanto agentes de Moscou invadiam computadores da campanha democrata, Butina fazia conexões com republicanos, com o lobby das armas e com grupos religiosos conservadores, em uma operação de US$ 125 mil (US$ 470 mil) com outros agentes.
Quem a orientava era supostamente Alexander Torshin, o vice-presidente do Banco Central russo, que tem laços com a inteligência em Moscou.
“A campanha de influência secreta da acusada envolveu um planejamento substancial, coordenação e preparação”, disseram os promotores.
A lista de contatos da suspeita incluía uma conta de email associada à FSB, a agência de inteligência russa, e uma revista do FBI em seu apartamento encontrou um bilhete que dizia: “Como responder à oferta de emprego da FSB?”.
A juíza Deborah A. Robinson negou fiança, aceitando o argumento da Promotoria de que ela poderia fugir do país.
Os promotores apresentaram acusações criminais depois que, no fim de semana, agentes relataram que Butina estava retirando dinheiro do país, mandou empacotar suas coisas, procurou um caminhão de mudanças e cancelou o aluguel do apartamento.
Butina, que se declara inocente, pode ser condenada a 15 anos de prisão.