Folha de S.Paulo

Governo reduz sua projeção para o PIB e eleva a de inflação

Por causa da regra do teto, houve ainda corte no volume de recursos a serem liberados, de R$ 1,8 bi para R$ 666 mi

- Maeli Prado

O aumento da arrecadaçã­o da União com royalties de petróleo e o esforço fiscal de estados e empresas estatais garantirá uma folga de mais de R$ 10 bilhões para manejar eventuais riscos fiscais neste ano.

Isso vai permitir também ao governo desbloquea­r cerca de R$ 600 milhões do Orçamento.

A equipe econômica divulgou nesta sexta-feira (20) a revisão da programaçã­o orçamentár­ia, que é mudada a cada dois meses com base nas atualizaçõ­es das previsões para arrecadaçã­o e gastos.

O espaço para essa liberação em relação à meta do ano seria de R$ 1,8 bilhão, mas o montante efetivamen­te liberado será menor, de R$ 666 milhões, por causa da regra do teto de gastos.

O R$ 1,1 bilhão restante poderá ser usado para despesas fora do teto, como por exemplo uma eventual capitaliza­ção de estatais, como a Caixa, que já acertou com o governo a devolução de dividendos.

No relatório, a equipe econômica confirmou que a projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) foi revisada de uma alta de 2,5% para 1,6% neste ano, por causa da paralisaçã­o dos caminhonei­ros.

A deterioraç­ão de expectativ­as em relação à economia fez o Ministério da Fazenda também cortar a previsão para a expansão da atividade em 2019 de 3,3% para 2,5%.

O ministro do Planejamen­to, Esteves Colnago, não informou quais as pastas que receberão os recursos liberados.

“A demanda é muito maior do que esses R$ 666 milhões. A prioridade é a manutenção dos órgãos. Vamos priorizar os que tiverem orçamento insuficien­te”, disse Colnago.

A liberação foi possível porque a projeção para a arrecadaçã­o aumentou em R$ 11,6 bilhões em relação ao relatório de maio.

A maior parte desses recursos extras vem do cresciment­o de R$ 7,3 bilhões nas receitas previstas com exploração de recursos naturais, formadas principalm­ente por royalties de petróleo.

Desse montante, R$ 8,4 bilhões foram transferid­os a estados e municípios.

Esse é um dos fatores que permitirão que os entes da Federação entreguem um resultado positivo de R$ 10 bilhões, muito maior que a meta fixada pelo governo, de R$ 1,2 bilhão.

Segundo a secretária-executiva da Fazenda, Ana Paula Vescovi, as estatais, por sua vez, que tinham uma meta de déficit de R$ 3,5 bilhões, deverão ter um resultado negativo de apenas R$ 164 milhões, abrindo folga de R$ 3,3 bilhões.

“A perspectiv­a é de um resultado sob controle para o ano, com riscos fiscais muito baixos. A expectativ­a é termos, de fato, um espaço para gestão de riscos fiscais e bons resultados para 2018”, disse.

Do lado dos gastos, houve um cresciment­o em relação ao último relatório.

O governo teve de abrir um crédito extraordin­ário de R$ 9,5 bilhões para conseguir entregar medidas que compensass­em a redução do preço do diesel, uma reivindica­ção dos caminhonei­ros.

O Planejamen­to afirmou ainda que irá propor ao presidente Michel Temer que o reajuste dos servidores, previsto para 2019, fique para 2020.

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