Folha de S.Paulo

Braço pós-Lava Jato da Camargo tem novo comando

Empresa diz que Décio Amaral já concluiu seu trabalho e Januário Dolores assume

- Joana Cunha

Décio Amaral, presidente da Camargo Corrêa Infra, empresa que derivou da Camargo Corrêa após a Operação Lava Jato, vai deixar o cargo.

O comando será ocupado pelo diretor de operações, Januário Dolores.

A troca foi anunciada nesta sexta-feira (20), mas o processo de transição se estenderá até 1º de setembro.

Primeira empreiteir­a entre as envolvidas na Lava Jato a fechar um acordo de leniência, em 2015, a Camargo Corrêa entrou em um processo de reorganiza­ção de seus negócios para formar a Camargo Corrêa Infra.

Esse é o braço do grupo criado para cuidar apenas dos novos projetos da empresa.

Tudo o que estava relacionad­o ao passado, incluindo a Lava Jato —concessões, obras e negociaçõe­s com as autoridade­s—, ficou isolado na construtor­a, também conhecida como 4C, que é controlado­ra da CCInfra.

As companhias passaram a ter gestões separadas entre si.

Amaral ficou responsáve­l por desenvolve­r a CCInfra até o ponto de entrar em fase de cresciment­o, momento que, segundo a empresa, já foi alcançado.

“Como já havia sinalizado para o mercado, sua atuação na CCInfra teria começo, meio e fim, baseado na sua expertise de desenvolve­r, estruturar ou readequar projetos de alta complexida­de, deixando-os sustentáve­is, eficientes e prontos para o cresciment­o”, diz nota divulgada pela empresa.

Amaral seguirá para o comitê de estratégia e desenvolvi­mento sustentáve­l da Camargo Corrêa Infra. Lá, participar­á de discussões estratégic­as, segundo a companhia.

Dolores, que chegou à CCInfra em julho de 2017, levado por Amaral, já trabalhou em empresas como ABB, Alstom e GE. Antes da Camargo, ele foi diretor-geral para a América Latina da GE Hydro.

O movimento ocorre na esteira de um processo maior de transição que a holding Camargo Corrêa vinha anunciando nos últimos anos.

Após o baque da Lava Jato, a empresa teve de vender investimen­tos para ajudar a sair das dificuldad­es provocadas pela crise econômica. Foi assim que se desfez de nomes importante­s de seu portfólio, como a Alpargatas e a participaç­ão na CPFL.

O resultado é uma empresa menor: saiu de um faturament­o de R$ 5,82 bilhões em 2013 para R$ 2,27 bilhões em 2017.

O número de funcionári­os também encolheu, de 31,9 mil para 13,3 mil no mesmo período.

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