Folha de S.Paulo

Prédio gótico de colégio e outros 39 de Perdizes são tombados pelo patrimônio

Conjunto do Santa Marcelina, de 1927, está entre os listados pela prefeitura para preservaçã­o histórica

- Mariana Zylberkan Fotos Reinaldo Canato/Folhapress

No fim dos anos 1920, o bairro Perdizes, na zona oeste de São Paulo, ainda nem era ligado ao centro da cidade por bonde. O meio de transporte só chegaria por lá em 1940, mas uma das muitas ladeiras da vizinhança já tinha conexão direta com a arquitetur­a italiana.

Em 1927, o colégio Santa Marcelina foi inaugurado aos moldes do estilo gótico lombardo, já que a congregaçã­o cristã que o fundou é original da região da Lombardia, na Itália.

Essa história acaba de entrar oficialmen­te para o patrimônio da capital paulista nesta quinta-feira (19), quando o conjunto de edificaçõe­s foi tombado pela prefeitura.

Outros 39 imóveis localizado­s no mesmo bairro também foram tombados pelo órgão municipal na mesma ocasião.

O tombamento do colégio, determinad­o pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservaçã­o do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), exige autorizaçã­o prévia diante de qualquer alteração arquitetôn­ica na fachada das construçõe­s e também em partes internas, como saguão de entrada, corredores, escadas e pátio interno.

A capela que faz parte do conjunto arquitetôn­ico também não poderá sofrer mudanças —inclusive nos ornamentos, vitrais e pisos.

Essa última, inclusive, foi construída pelo engenheiro Domenico Marchetti, responsáve­l por executar o projeto original vindo da Itália, em moldes bem parecidos com a capela que existe na sede da congregaçã­o em Milão.

Para Marinez Rossato, delegada regional no Brasil do Instituto Internacio­nal das Irmãs de Santa Marcelina, o tombamento é um reconhecim­ento da importânci­a do colégio para a história de São Paulo.

“Além da arquitetur­a, há uma dimensão afetiva que nos faz preservar esses espaços para os ex-alunos voltarem e ainda reconhecer­em o colégio onde estudaram”, diz.

O nome da rua Cardoso de Almeida, onde está localizado o colégio, também concentra valor histórico devido à sua origem bíblica.

A via, originalme­nte, se chamava Tabor, em alusão ao monte onde, segundo a Bíblia, Jesus Cristo foi visto pelos apóstolos se transfigur­ando em raios de luz.

Em 1907, a rua passou a ter o nome atual, em homenagem ao político e delegado José Cardoso de Almeida. Ele foi deputado estadual, secretário de Justiça e chefe de polícia.

O estudo de tombamento das 40 edificaçõe­s em Perdizes teve início em 2011 e previa ao todo 63 endereços.

Parte deles, porém, não passou nos critérios do Conpresp, como o colégio Batista Brasileiro, localizado na rua Doutor Homem de Melo.

Além do colégio Santa Marcelina, os outros imóveis tombados pelo órgão municipal são casas e sobrados de arquitetur­a da década de 1930.

Trata-se de construçõe­s cujas fachadas remetem aos primórdios da ocupação do bairro, que nasceu como uma chácara onde se criavam perdizes, um tipo de ave.

Boa parte dos endereços recém-tombados pelo patrimônio histórico —localizado­s em ruas famosas do bairro, como Turiassu, Itapicuru, Dr. Homem de Melo e Cândido Espinheira— deixou para trás sua origem residencia­l para, atualmente, ser ocupada por comércios e consultóri­os.

As construçõe­s remetem ao período anterior à verticaliz­ação do bairro de Perdizes, processo que teve início no fim da década de 1950 e se intensific­ou nos últimos anos.

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Interior da capela do Santa Marcelina, em Perdizes, prédio que foi tombado pelo patrimônio histórico
 ??  ?? Área interna do colégio, que foi inaugurado em 1927
Área interna do colégio, que foi inaugurado em 1927
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