Folha de S.Paulo

rafaella caniello

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Na contramão da produção de moda em série há um movimento de diminuir o ritmo de lançamento­s: o chamado “slow fashion”.

Alguns estilistas, como a paulista Rafaella Caniello, entendem que não deve haver pressa no desenvolvi­mento de uma coleção.

Tecidos naturais, mão de obra qualificad­a e primazia no acabamento integram a receita do bolo dessa estilista, dona da grife Neriage, que tem um tíquete médio bem mais caro do que o padrão do varejo devido ao tempo gasto na execução de uma roupa –os bordados, por exemplo, são feitos em um ateliê que contrata senhoras de idade– e o udo de materiais nobres como seda e linho.

Em pouco mais de um ano, a designer já fechou parcerias com as lojas virtuais Gallerist e Shop2gethe­r, além de começar a vender sua moda na multimarca­s Pinga, na região da Paulista.

Para o desfile na Casa de Criadores, Rafaela levará a monocromia que carateriza sua criação e peças inspiradas no livro “O Velho e o Mar” (1952), de Ernest Hemingway. O azul profundo abre o estudo da designer, que diz passear “pelos estágios da água” nas cores e nas proporções, até chegar à ausência do preto.

As formas do balanço do oceano foram destrincha­das em plissados e texturas.

O maior desafio da grife, segundo ela, “é fazer as pessoas entenderem o porquê de a roupa custar uma média de R$ 850”.

“Quem a compra entende que uma ou duas pessoas no mundo vão ter”, diz ela.

Esse modelo de produção limitado e 100% ético, tanto em mão de obra quanto em impacto ambiental, fez a estilista cair nas graças de fashionist­as paulistano­s dispostos a pagar até R$ 4.000 por um vestido.

“Meu trunfo é o cliente saber que nunca a Neriage será uma empresa com 50 filiais. Não tenho a pretensão de ser um grande magazine, mas fazer uma moda consistent­e”, conclui a estilista.

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