Folha de S.Paulo

Combate às automações indevidas no Twitter

Não há indício de robôs em seguidores de presidenci­áveis

- Fernando Gallo Jornalista e responsáve­l pela área de políticas públicas do Twitter no Brasil

“O mundo todo está no Twitter!”, diz o recém-divulgado Twiplomacy 2018, um dos mais completos estudos sobre a presença de governos e líderes mundiais em redes digitais, indicando que 97% dos países-membros da ONU têm conta no serviço.

O Twitter é o lugar em que o debate público acontece e onde pessoas podem acompanhar e comentar, para além de seus círculos sociais, assuntos de seu interesse. Nosso propósito é servir a essa conversa pública, daí nosso firme comprometi­mento em contribuir para que ela seja saudável.

Um dos eixos dos nossos esforços é o combate a todo comportame­nto automatiza­do que tente manipular o debate na plataforma.

Automações podem ser positivas, como na emissão de alertas de notícias ou na prestação de serviços. O que enfrentamo­s com vigor são comportame­ntos automatiza­dos que prejudicam a experiênci­a e a conversa pública no Twitter.

Trabalhamo­s para detectar proativame­nte contas e comportame­ntos abusivos e investimos em ferramenta­s que identifica­m e agem automatica­mente em contas que disseminam spam ou atuam de forma coordenada. Isso nos permite enfrentar tentativas de manipulaçã­o de conversas em grande escala —algo que há muito tempo buscamos combater.

Este trabalho evoluiu ainda mais nos últimos 12 meses. Em maio de 2018, identifica­mos e contestamo­s mais de 9,9 milhões de potenciais contas de spam ou de automação mal-intenciona­da por semana — contra 6,4 milhões de contas em dezembro passado e 3,2 milhões em setembro de 2017.

Isso não significa que haja mais contas agindo de má-fé na plataforma, mas que hoje somos mais capazes de detectá-las e confrontál­as, aplicando medidas que incluem suspensão ou bloqueio. A média de denúncias de spam que recebemos é prova disso: ela caiu de cerca de 25 mil por dia, em março, para perto de 17 mil por dia em maio deste ano.

Por ser uma plataforma pública e em tempo real, o Twitter é um reflexo do que está acontecend­o no mundo. Por isso, acadêmicos de todo o globo baseiam pesquisas sobre os mais diversos temas em conversas da plataforma. Entre os diferentes estudos de que temos conhecimen­to, estão os que tentam mensurar o impacto de robôs no Twitter —muitos dos quais, ainda que sejam bemintenci­onados, se mostram imprecisos e equivocado­s.

É o caso de um recente levantamen­to sobre a suposta presença de robôs entre os seguidores dos précandida­tos à Presidênci­a. Nossa própria investigaç­ão não encontrou evidências que confirmem as conclusões da pesquisa.

Estudos de terceiros, como os que usam aplicativo­s que tentam adivinhar se perfis são ou não robôs —instrument­os que têm se revelado metodologi­camente falhos—, só acessam sinais externos das contas. São informaçõe­s muito limitadas em relação às que o Twitter dispõe para determinar se uma conta é ou não uma automação indevida.

Pesquisas externas muitas vezes ignoram que o Twitter tem ferramenta­s que reduzem o alcance de tuítes de contas de baixa qualidade. Em nossas APIs, pesquisado­res acabam encontrand­o tuítes e contas que não impactam nossos usuários. Além disso, muitas das redes de automação são compostas por contas que seguem umas às outras, compartilh­ando conteúdos entre si que dificilmen­te impactarão o usuário comum. Nosso trabalho contra spam ajuda a garantir que seja assim.

Detalhes do que fazemos para combater automação estão no blog do Twitter Brasil. Entendemos a curiosidad­e que o tema desperta, e o nosso compromiss­o é o de manter a sociedade informada sobre os nossos esforços.

Não negamos nosso desafio. Trabalhamo­s para enfrentá-lo e estamos abertos ao diálogo com quem compartilh­a do nosso objetivo de promover conversas cada vez mais construtiv­as e saudáveis.

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