Folha de S.Paulo

Caro leitor, cara leitora

Desisti de disputar a Presidênci­a, mas projeto segue

- Flávio Rocha Presidente da Riachuelo e vice-presidente do IDV (Instituto para o Desenvolvi­mento do Varejo)

Caro leitor, cara leitora, hoje tomo a liberdade de me dirigir a você não por meio de um artigo, como costumo fazer. Quis lhe escrever esta carta. É um momento especial para mim, que faço questão de compartilh­ar.

Como você já deve estar sabendo, anunciei minha desistênci­a de concorrer à Presidênci­a. Não vou esconder minha frustração. Mas a sensação dominante é a do dever cumprido, como empresário e cidadão.

Se pudesse voltar atrás no tempo, não faria nada diferente. Saí com a firme convicção de que ter feito a campanha foi uma decisão acertada.

Quem frequenta este espaço que ocupo com prazer e alegria sabe que sou um duro crítico do empresário­moita, aquele que se acomoda e se acovarda, preferindo não se dar ao trabalho de contribuir para resolver os problemas do Brasil.

Esse não sou eu! Jamais teria paz de consciênci­a se tivesse me omitido neste momento crucial do Brasil.

As inúmeras e entusiasma­das manifestaç­ões de apoio que recebi nos últimos meses me dão a certeza de que a jornada não foi em vão. Tenho razões para acreditar que inspirei aqueles que produzem a serem protagonis­tas de uma luta política que não se esgota nesta eleição. Tenho certeza também de que ajudei a consolidar uma agenda voltada à modernizaç­ão do Brasil.

A luta por um Brasil mais justo e próspero pode ter várias formas. Mesmo abrindo mão da candidatur­a, vou continuar lutando por um país melhor.

A Presidênci­a nunca foi um projeto pessoal. O poder dissociado de uma concepção de país mais livre e democrátic­o não me seduz. A Presidênci­a seria um meio para alcançá-lo, não um fim.

Nosso projeto, portanto, continua de pé, mais urgente e necessário do que nunca. Tenho observado o Brasil a partir do camarote privilegia­do do comércio varejista, um setor democrátic­o por excelência e por natureza. Percebo que falta nas prateleira­s o serviço público de qualidade exigido pela população.

Temos que construir esse Estado servidor, um Estado que devolva à dona Maria, em serviços dignos, o que ela paga em impostos elevados.

Tenho no horizonte um Brasil verdadeira­mente liberal, aquele vislumbrad­o no movimento Brasil 200, que me orgulho de ter fundado. É dessa trincheira que continuare­i combatendo o bom combate.

Por isso, a desistênci­a em disputar a Presidênci­a não significa o fim de uma luta. Uma campanha política é uma corrida de 100 metros. Uma pessoa preocupada com o futuro do Brasil tem que ter a perspectiv­a de uma maratona.

O Brasil 200, como você sabe, é uma referência aos 200 anos de independên­cia do Brasil, a serem comemorado­s em 2022, por ocasião do término do mandato do próximo presidente. Faço votos de que, nesse bicentenár­io que se aproxima, a liberdade, individual e econômica — uma ideia associada à noção de independên­cia— não seja apenas uma expressão esvaziada de seu sentido mais profundo.

No fim desta etapa da jornada, quero agradecer a você que vem acompanhad­o neste espaço as ideias que trago para o debate. E espero poder continuar contando com o seu interesse. Um abraço, Flávio

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