Marun propõe tribunal acima do STF e SUS pago
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, propôs um pacote de medidas para a candidatura de Henrique Meirelles (MDB) à Presidência que inclui a criação de uma corte acima do STF (Supremo Tribunal Federal), a anistia ao caixa dois de campanhas eleitorais passadas e a cobrança de um valor mínimo para o atendimento no sistema público de saúde.
Em mensagem encaminhada a Meirelles e a deputados do MDB, Marun afirma que o partido “tem um ótimo candidato” e liberdade para estabelecer um programa “que não seja refém das mazelas de um presidencialismo de coalizão”. Segundo o ministro, responsável pela articulação política do governo Michel Temer, esse sistema, praticado pelo presidente, inclusive, tem a “tendência de transformar-se em um balcão de negócios”.
“Podemos propor uma forma de leniência para o caixa dois já praticado e o criminanas lizarmos para o futuro”, diz o texto do ministro.
E segue: “Vamos propor mandatos para o STF, revogar a Lei da Bengala, votar a Lei do Abuso de Autoridade, e criarmos uma Corte Constitucional que possa dirimir conflitos entre as decisões do STF e a Constituição Federal”.
O ministro ainda afirma que a candidatura do MDB deve propor a manutenção do Bolsa Família, mas que a gratuidade absoluta no atendimento pelo sistema público de saúde deve ser restrito “para aqueles que são realmente carentes”. Nos outros casos, defende Marun, é preciso cobrar um valor mínimo.
Outro ponto destacado pelo ministro como uma possível proposta da candidatura de Meirelles é obrigar emissoras de TV a apresentar diariamente, das 9h às 11h e das 14h às 16h, programas educativos produzidos pelo estado.
Meirelles disse à Folha que discutirá as sugestões.
No documento, Marun afirma que é preciso “radicalizar privatizações” e defende a reforma da Previdência.
O documento também é uma resposta do ministro ao apoio de partidos do centrão a Geraldo Alckmin (PSDB). Mesmo com cargos no governo, as siglas não quiseram apoiar Meirelles.
Antes crítico à pretensão de Meirelles, Marun agora estimula a candidatura e diz que a atitude de Alckmin de não apoiar Temer contra duas denúncias, derrubadas pela Câmara em 2017, torna o tucano “não merecedor” do apoio do MDB.
Ele chama de “débil mental” o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, e diz que a o governo “ajudou” o acordo com Alckmin ao “vetar” o apoio do centrão ao pedetista.
Em nota, Marun disse que as propostas são “posição pessoais” sobre as quais gostaria de discutir com o MDB. Ele afirmou ainda que, se soubesse que a mensagem se tornaria pública, não teria utilizado o termo “débil mental” para se referir a Ciro.