Mercado ainda não mediu risco de guerra comercial, diz banco
A alta das Bolsas nas últimas semanas pode significar que os investidores não estão precificando o risco de efeitos secundários da guerra comercial EUA-China, e isso é motivo para preocupação, afirma, em relatório, Mark Haefele, diretor de investimento do UBS Global Wealth Management, área de gestão de fortunas do banco.
Entre os efeitos estão rupturas nas cadeias de fornecimento, diminuição na geração de emprego e investimentos ou intensificação do conflito.
Segundo ele, se as tarifas forem suficientemente abrangentes, irão, inevitavelmente, quebrar cadeias de fornecimento e reduzir a habilidade de encontrar substitutos.
Haefele também não exclui a possibilidade de a China retaliar com medidas não tarifárias, como desvalorização do yuan ou vendendo títulos do Tesouro americano —a China é o maior detentor estrangeiro de dívida americana.
O governo chinês ainda poderia retardar a entrega de componentes-chave para a produção nos EUA ou impor burocracia adicional para companhias americanas.
“Medidas de segunda ordem ou não-tarifárias podem ter um impacto negativo mais significativo no crescimento econômico e no lucro de empresas, particularmente se elas restringirem a habilidade da China de administrar suas reformas estruturais e sua desalavancagem”, afirma.
Com a ameaça de tarifação adicional e o efeito nos negócios e na confiança do consumidor, o banco acha que há um risco pouco compensatório nos mercados acionários caso a disputa avance. Por isso, decidiu diminuir a exposição a ações globais.
O diretor de investimento do UBS diz que vai continuar buscando sinais que poderiam ajudar a indicar as intenções da administração Trump.
E diz que será importante avaliar se a guerra comercial está começando a afetar a decisão de investimento ou a expectativa de contratação das empresas. “Se as companhias demonstrarem que estão dispostas a olhar além das incertezas, isso limitaria os riscos de segunda ordem”, afirma.