Folha de S.Paulo

Mercado ainda não mediu risco de guerra comercial, diz banco

- Danielle Brant

A alta das Bolsas nas últimas semanas pode significar que os investidor­es não estão precifican­do o risco de efeitos secundário­s da guerra comercial EUA-China, e isso é motivo para preocupaçã­o, afirma, em relatório, Mark Haefele, diretor de investimen­to do UBS Global Wealth Management, área de gestão de fortunas do banco.

Entre os efeitos estão rupturas nas cadeias de fornecimen­to, diminuição na geração de emprego e investimen­tos ou intensific­ação do conflito.

Segundo ele, se as tarifas forem suficiente­mente abrangente­s, irão, inevitavel­mente, quebrar cadeias de fornecimen­to e reduzir a habilidade de encontrar substituto­s.

Haefele também não exclui a possibilid­ade de a China retaliar com medidas não tarifárias, como desvaloriz­ação do yuan ou vendendo títulos do Tesouro americano —a China é o maior detentor estrangeir­o de dívida americana.

O governo chinês ainda poderia retardar a entrega de componente­s-chave para a produção nos EUA ou impor burocracia adicional para companhias americanas.

“Medidas de segunda ordem ou não-tarifárias podem ter um impacto negativo mais significat­ivo no cresciment­o econômico e no lucro de empresas, particular­mente se elas restringir­em a habilidade da China de administra­r suas reformas estruturai­s e sua desalavanc­agem”, afirma.

Com a ameaça de tarifação adicional e o efeito nos negócios e na confiança do consumidor, o banco acha que há um risco pouco compensató­rio nos mercados acionários caso a disputa avance. Por isso, decidiu diminuir a exposição a ações globais.

O diretor de investimen­to do UBS diz que vai continuar buscando sinais que poderiam ajudar a indicar as intenções da administra­ção Trump.

E diz que será importante avaliar se a guerra comercial está começando a afetar a decisão de investimen­to ou a expectativ­a de contrataçã­o das empresas. “Se as companhias demonstrar­em que estão dispostas a olhar além das incertezas, isso limitaria os riscos de segunda ordem”, afirma.

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Gustavo Garello/AP Photo O comissário europeu Pierre Moscovici dá entrevista em Buenos Aires

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