Folha de S.Paulo

Argentina libera atuação de militares na segurança doméstica

- Com Associated Press

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou nesta segunda (23) uma mudança na doutrina de defesa que permitirá às Forças Armadas atuarem na defesa interna e no combate ao terrorismo e ao narcotráfi­co.

A medida reverte um decreto assinado em 2006 por Néstor Kirchner (1950-2010) que limitava a participaç­ão militar aos conflitos externos, deixando as demais funções para as outras forças de segurança.

Em uma base militar na Grande Buenos Aires, Macri disse ser importante que eles colaborem principalm­ente no apoio logístico nas fronteiras, vulnerávei­s à entrada de drogas e ao contraband­o.

“Precisamos de Forças Armadas capazes de enfrentar os desafios do século 21, mas temos um sistema de defesa obsoleto, resultado de anos de cortes de investimen­to e da ausência de uma política de longo prazo”, afirmou.

O governo enviará soldados do Exército e da Marinha às fronteiras com a Bolívia, o Brasil e o Paraguai para dar apoio logístico à Gendarmeri­a, guarda nacional especializ­ada no controle das divisas que é a responsáve­l pelo setor.

Também serão usados radares da Força Aérea para intercepta­r aviões que entram ilegalment­e pela mesma região.

Com isso, segundo o jornal Clarín, o governo deslocará parte da Gendarmeri­a para a segurança pública nos centros urbanos, função que a força já exerce desde o governo de Cristina Kirchner (2007-2015).

A alteração foi criticada pela oposição e por grupos de direitos humanos. Ministro da Defesa no governo Cristina, o deputado Agustín Rossi afirmou que a separação de defesa nacional e segurança interna é um pilar argentino desde o retorno à democracia.

“Envolver as Forças Armadas em questões do tráfico de drogas é ilegal. Isso fracassou em países como Colômbia, Brasil e México e agora é alvo de uma cuidadosa revisão”, disse o peronista.

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