Folha de S.Paulo

Volume de crédito consignado para aposentado­s cresce 16%

- Larissa Quintino Fontes: Banco Central, SPC Brasil, INSS, advogado Rômulo Saraiva e educador financeiro Edélcio Fonseca Agora

Desemprego e queda na renda são alguns dos motivos apontados para que os aposentado­s e pensionist­as do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) recorreram mais a empréstimo­s consignado­s neste ano.

Segundo o Banco Central, o volume de dinheiro emprestado subiu R$ 4 bilhões nos primeiros cinco meses de 2018, para R$ 30,2 bilhões.

Em comparação ao que foi emprestado no mesmo período de 2017, o aumento é de 16%, quando foram tomados R$ 26,06 bilhões em crédito consignado por aposentado­s e pensionist­as.

De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), Marcela Kawauti, esse aumento no volume de crédito tomado é reflexo da crise econômica.

Como a prestação é descontada diretament­e em folha de pagamento, o crédito muitas vezes já está pré-aprovado e o aposentado consegue contratá-lo em uma ligação ou no caixa eletrônico.

“Além de ser fácil para pegar, esse crédito também é a melhor opção para os bancos. Em um momento de instabilid­ade econômica, é melhor emprestar pelo consignado, em que há garantia de receber”, diz.

Por ser cobrado diretament­e do benefício, esse tipo de crédito tem taxas menores, mas isso não significa que o dinheiro seja barato. Os juros podem chegar a 26,2% ao ano.

Antes de assumir esse tipo de dívida, é importante avaliar os riscos e o impacto das parcelas no orçamento mensal, além de pesquisar as taxas Modalidade de empréstimo em que a prestação é descontada automatica­mente do benefício do aposentado ou pensionist­a do INSS

Por que o custo é menor em comparação a outros tipos de empréstimo­s Porque os bancos têm garantia de que irão receber o dinheiro

O aposentado pode compromete­r com a parcela até 35% do benefício, sendo 30% para o empréstimo consignado e 5% para o cartão de crédito consignado Dicas de especialis­tas

• Antes de contratar um consignado, o aposentado precisa recalcular seu orçamento com a parcela. Como o empréstimo é descontado em folha, esse dinheiro nem chega a cair na conta

• Pesquise bem: o aposentado deve ir ao banco em que recebe o benefício e verificar outras instituiçõ­es para ver se consegue juro menor

• Saiba dizer não para a família e amigos: jamais tome empréstimo consignado para ajudar parentes e amigos endividado­s de juros do mercado.

Segundo o educador financeiro Edélcio Fonseca, o consignado pode ser uma boa opção para quem está enrolado no cartão de crédito ou no cheque especial.

Essas modalidade­s têm mais de 300% de juros ao ano e tendem a levar ao endividame­nto. O especialis­ta aconselha que, antes de contratar o consignado, o segurado faça as contas para ver quais são suas despesas fixas.

“O consignado é aquele dinheiro que nem chega para o aposentado. Então, no período do contrato, a renda é menor. Se for para pegar o empréstimo e voltar para o cheque especial ou ficar com outra dívida, é melhor nem pegar.”

Pelas regras do INSS e do Banco Central, o aposentado pode compromete­r até 30% do valor do benefício com prestações do consignado comum e 5% com a parcela mínima do cartão de crédito consignado.

Não há uma regra sobre limite de idade e número de parcelas para o empréstimo. Porém, quanto mais velho o segurado, menor é o prazo que ele terá para pagar pela prática do mercado financeiro.

A recomendaç­ão é que os aposentado­s não usem todo o seu limite, chamado de margem consignáve­l. Se tiver uma emergência, o ideal é recorrer ao consignado, em vez de usar outra modalidade de empréstimo mais cara.

A dica de especialis­tas é que não se gaste mais de 20% com o pagamento de dívidas e que não se use o dinheiro para ajudar parentes e amigos endividado­s.

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