Folha de S.Paulo

‘Recaídas isolacioni­stas’ unem Aliança do Pacífico e Mercosul, diz Temer

- Danielle Brant Vinicius Torres Freire O colunista está em férias

A aproximaçã­o de Mercosul e Aliança do Pacífico é uma resposta do livre-comércio a “recaídas isolacioni­stas”, disse o presidente Michel Temer nesta terça-feira (24), em discurso antes da assinatura de uma declaração conjunta para firmar as bases de um acordo comercial futuro.

Temer participou do primeiro encontro em nível presidenci­al dos dois blocos, em Puerto Vallarta, no México.

A reunião teve baixas e particular­idades dos dois lados.

No Mercosul, duas ausências —os presidente­s de Argentina e Paraguai— e um governante próximo a terminar o mandato —o próprio Temer.

Na Aliança do Pacífico, dois líderes também em vias de deixar o cargo —o colombiano Juan Manuel Santos e o mexicano Enrique Peña Nieto.

Ainda assim, a intenção dos oito países participan­tes era marcar uma posição contra o aumento do protecioni­smo no mundo, cujo maior expoente são os Estados Unidos.

Desde que Donald Trump assumiu a Casa Branca, no início de 2017, foram adotadas medidas comerciais controvers­as, como a renegociaç­ão do acordo de livre-comércio com México e Canadá (Nafta) e, mais recentemen­te, uma disputa comercial com a China.

“O processo de aproximaçã­o entre os países do Mercosul e da Aliança do Pacífico, já em si mesmo relevante, adquire significad­o especial na atual conjuntura”, afirmou Temer.

Segundo ele, em cenário internacio­nal “infelizmen­te marcado por tensões econômicas e geopolític­as”, os dois blocos buscam passar uma mensagem de abertura comercial e responsabi­lidade.

“Em tempos de recaídas isolacioni­stas, empunhamos a bandeira do livre-comércio, da integração, da democracia.”

O passo concreto para a maior integração foi a assinatura de uma declaração conjunta entre os dois blocos com o compromiss­o de aprofundar a relação bilateral de forma a conseguir um amplo acordo de livre-comércio.

No documento, os países reafirmam “o compromiss­o com a preservaçã­o e o fortalecim­ento do sistema multilater­al de comércio, baseado em regras, aberto, não discrimina­tório e equitativo no marco da Organizaçã­o Mundial do Comércio”.

Defendem o compromiss­o em fomentar o livre-comércio e o regionalis­mo aberto, sem barreiras comerciais, “evitando o protecioni­smo”.

O texto contempla a não aplicação de barreiras não tarifárias que dificultem o comércio entre os países da Aliança do Pacífico e do Mercosul e ainda prevê a realização de um estudo sobre as cadeias produtivas em toda a região.

Estudo da CNI (Confederaç­ão Nacional da Indústria) mostra que o Brasil perdeu espaço nas exportaçõe­s para os países da Aliança do Pacífico entre 2008 e 2017.

Pelo levantamen­to, caso o país tivesse mantido a mesma participaç­ão de 2008 (3,5%), teria exportado US$ 4 bilhões a mais aos quatro países da Aliança apenas em 2017.

Brasil e Mercosul saem da cúpula com alguns acordos debaixo do braço.

Nesta terça, Brasil e Chile anunciaram a renegociaç­ão de um acordo para ampliar o livre-comércio bilateral.

Com o Peru, também houve negociação para investimen­tos e compras governamen­tais.

Temer conversou com o presidente mexicano sobre a possibilid­ade de exportação de arroz ao país, e de importação de feijão.

Ele também quer aumentar a cota de frango brasileiro vendido ao México, hoje em 300 mil toneladas até 2019 —o Brasil já comerciali­zou em torno de 240 mil toneladas.

Temer agora irá para Joanesburg­o, na África do Sul, onde participa de uma cúpula dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

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Alfredo Estrella/AFP Temer e o presidente do México, Enrique Peña Nieto, em Puerto Vallarta

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