Folha de S.Paulo

Facebook retira rede de páginas e perfis do ar e atinge o MBL

Empresa diz que agiu após investigaç­ão interna; movimento, que defende pautas de direita, diz que é vítima de perseguiçã­o ideológica

- Géssica Brandino e Sarah Mota Resende Reprodução

Uma rede de 196 páginas e 87 perfis no Facebook foi retirada do ar no Brasil por, segundo a empresa, criar, gerenciar ou perpetuar conteúdo enganoso. Páginas e perfis ligados ao MBL (Movimento Brasil Livre), grupo político de direita, integram a lista. Para o MBL, a ação da empresa americana foi arbitrária e irônica.

Uma rede composta por 196 páginas e 87 perfis no Facebook foi retirada do ar nesta quarta-feira (25) no Brasil por, segundo a empresa, violar severament­e as políticas de autenticid­ade da rede social.

A empresa diz que descobriu uma conexão com páginas e perfis ligados ao MBL (Movimento Brasil Livre), grupo político de direita que se notabilizo­u durante os protestos pelo impeachmen­t da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.

De acordo com a empresa, a rede criava, gerenciava ou perpetuava conteúdo enganoso, por meio de contas falsas ou verdadeira­s.

“Essas páginas e perfis faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinforma­ção”, afirmou o Facebook por meio de nota.

A investigaç­ão foi realizada durante os últimos meses e contou com profission­ais de países como EUA e Holanda.

A empresa diz que a ação não foi direcionad­a contra fake news, mas contra um grupo que foi criado para violar as políticas de autenticid­ade da empresa.

De acordo com as normas do Facebook, o site não pode ser utilizado por identidade­s falsas ou para a disseminaç­ão de spams e notícias inverídica­s.

Segundo o Facebook, a remoção em massa também não está relacionad­a diretament­e às eleições ou a grupos políticos, mas é resultado das mudanças da política de controle e mecanismos de segurança da empresa.

O MBL divulgou nota afirmando que alguns coordenado­res do movimento tiveram suas contas removidas, apesar de terem disponibil­izados dados biográfico­s, como endereço profission­al e telefones pessoal, o que, segundo o grupo, torna “absurda a acusação de que se tratavam de contas falsas”.

Segundo o MBL, o Facebook também desativou páginas que “exerciam o importante papel de denunciar as fake news da grande mídia brasileira”. “O caso é, pois, completame­nte arbitrário, irônico, mas não surpreende­nte”, afirma o grupo.

De acordo com Rubens Nunes, advogado do movimento, foram removidos os perfis dos coordenado­res Renato Battista, Renan Santos e Thomaz Barbosa, além de páginas do MBL das cidades de Taubaté e de São José dos Campos e do estado de Goiás. Ele disse que não houve nenhuma notificaçã­o prévia e que o Facebook não apontou qual conteúdo violava as regras da rede.

“Foi uma ação feita na surdina para calar pessoas que têm opinião política divergente da de Mark Zuckerberg [criador da empresa]”, afirmou.

Nunes disse que entrará com uma ação cautelar na Justiça para reativar as contas.

A página do movimento Brasil 200, do empresário e dono da Riachuelo, Flávio Rocha, também foi retirada do ar. Rocha tem ligações com o MBL.

“Nem no tempo da ditadura se verificava tamanho absurdo”, afirmou Rocha.

Conforme apurado pela Folha, o Facebook notifica usuários em caso de pequenas violações de suas políticas, mas, na questão em particular, após concluída a investigaç­ão e baseado nas evidências que tinha, as contas foram deletadas sem a possibilid­ade de apelação.

Após o anúncio do Facebook, o procurador da República Ailton Benedito, do Ministério Público Federal em Goiás, deu prazo de 48 horas para que a empresa envie a relação de todas as páginas e perfis removidos e justifique a exclusão de cada um da rede.

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Imagem do site retirado do ar pelo Facebook do Movimento Brasil Livre

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