Folha de S.Paulo

Avanço tecnológic­o é meta dos Brics

Cúpula do bloco neste ano tem significad­o especial

- Michel Temer Presidente da República; ex-vice-presidente (2011-2016, governo Dilma) e ex-presidente da Câmara dos Deputados (1997-2001 e 2009-2010)

Na cúpula dos Brics, a meta é fortalecer a cooperação em ciência e inovação. É o desenvolvi­mento tecnológic­o que permite avançar nas pesquisas.

A quarta Revolução Industrial e a África são temas da décima Cúpula dos Brics, que acontece em Johanesbur­go, na África do Sul. Os países-membros (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) têm em comum o fato de serem de renda média, dotados de grandes território­s e de grandes populações. Temos, portanto, desafios compartilh­ados. Juntos, ficamos mais bem posicionad­os na evolução da economia mundial.

Esta cúpula em particular tem significad­os especiais para o nosso país. Vamos definir a efetivação, em São Paulo, do escritório regional do banco dos Brics para as Américas. O Brasil já foi contemplad­o com empréstimo­s no valor de US$ 621 milhões do Novo Banco de Desenvolvi­mento, o banco dos Brics.

Recursos destinados ao escoamento da produção agrícola, a projetos de energia eólica, à redução de emissões de gás de efeito estufa e à infraestru­tura urbana. Este escritório regional ampliará os aportes da instituiçã­o para projetos em nosso país.

Os Brics têm ajudado a criar ambiente de negócios mais favorável à expansão do comércio e dos investimen­tos. Para isso contribuem as reuniões regulares do Conselho Empresaria­l dos Brics, liderado pelo setor privado, e do Grupo de Contato para Temas Econômicos e Comerciais, integrado por representa­ntes de governo.

Vamos dedicar agenda especial para a África no chamado diálogo expandido dos Brics, com líderes de outros países do continente. A nossa diplomacia está a serviço da modernizaç­ão e do cresciment­o de nossa economia, para a geração de empregos e renda. É com esse entendimen­to que pautamos as relações com o continente africano.

Em Johanesbur­go, a meta é fortalecer nossa cooperação em ciência, tecnologia e inovação, em nome de inserção mais competitiv­a na economia global. É o desenvolvi­mento tecnológic­o que permite avançar em pesquisas para áreas como a saúde. Os Brics têm trabalhado para promover a pesquisa e o desenvolvi­mento de produtos médicos inovadores e proporcion­ar acesso a medicament­os de qualidade, a preços justos. A Rede de Pesquisa em Tuberculos­e, inaugurada em 2017, é exemplo de sucesso nessa matéria.

Os Brics têm, ainda, promovido o conhecimen­to mútuo e facilitado o diálogo entre as sociedades dos cinco países que o integram. O Festival de Cinema dos Brics, a Rede de Universida­des, o Fórum Acadêmico, o Festival Cultural, parcerias de museus, galerias de arte e biblioteca­s: são múltiplas as iniciativa­s que visam à promoção de uma integração maior dos cidadãos de nossos países.

Esse é o sentido maior de tudo o que fazemos no plano externo: do resgate da vocação original do Mercosul para a democracia e o livre mercado à aproximaçã­o desse nosso bloco regional com a Aliança do Pacífico —objetivo que nos mobilizou ainda no início desta semana, em cúpula inédita de que participei, no México, para impulsiona­r as convergênc­ias entre os dois mais expressivo­s exercícios de integração na América Latina.

No Brasil, levamos adiante ambiciosa agenda de reformas. Restituímo­s credibilid­ade às contas públicas. Domamos a inflação e criamos as condições para a queda das taxas de juros, hoje em seu mais baixo patamar histórico. Voltamos a crescer e a criar postos de trabalho.

Na cúpula de Johanesbur­go, mais do que colher os frutos dos dez anos de cooperação dos Brics, estamos construind­o as bases para um futuro sempre mais ajustado aos legítimos anseios dos brasileiro­s.

A política externa vem sendo, e continuará a ser, mais uma política pública devotada a esses propósitos fundamenta­is.

É o que nos inspira nesta cúpula, que se realiza sob o signo do centenário de Nelson Mandela —referência de estadista que, com coragem e disposição para dialogar com todos, esteve à frente da reconstruç­ão de um país dilacerado por décadas de segregação racial.

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