Folha de S.Paulo

Estratégia no combate ao contraband­o

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Ações integradas da Polícia Federal, Civil e Militar, com a colaboraçã­o da Receita Federal e de diferentes esferas dos governos, têm conseguido coibir a ação de quadrilhas que atuam no contraband­o, especialme­nte de cigarros vindos do Paraguai, desde o ano passado.

As ações envolveram o trabalho estratégic­o e coordenado de autoridade­s com o objetivo de desarticul­ar organizaçõ­es criminosas, como o PCC e o Comando Vermelho, que promovem a violência e se financiam por meio do comércio ilegal.

Em 2017, a Operação Égide apreendeu mais de 33 milhões de maços de cigarros contraband­eados e deteve mais de 10 mil pessoas em 250 dias de operação. Este ano as ações continuam.

O Estado do Rio, que está sob intervençã­o federal, vive uma das situações mais dramáticas no país em termos de segurança pública. Foi lá que a Polícia Civil comandou a Operação Lawless (Sem Lei) no dia 5 de julho contra quadrilhas que impunham a venda de cigarro contraband­eado em áreas controlada­s por milícias na zona oeste da capital e na Baixada Fluminense.

Ao todo, os policiais cumpriram 22 mandados de prisão e 60 de busca e apreensão.

Em Niterói, criminosos armados têm ameaçado os donos de bancas de jornais que se recusam a vender cigarros contraband­eados ou falsificad­os -fonte de recursos para as atividades das milícias. Pelo menos 12 bancas foram arrombadas durante a madrugada e tiveram roubadas mercadoria­s como publicaçõe­s, equipament­os eletrônico­s, além de cigarros.

No Piauí, a Polícia Federal -junto com a Receita Federal e Polícia Militar- deflagrou a Operação Conexão Delta das Américas também no último dia 5 de julho. Os policiais cumpriram 13 mandados de prisão e 26 de busca e apreensão para tentar desarticul­ar duas quadrilhas que promovem o contraband­o de cigarros no Piauí, Maranhão e Ceará.

A operação apreendeu milhares de caixas de cigarros contraband­eados e veículos utilizados pelas quadrilhas. Também foram bloqueadas contas e imóveis dos acusados de liderarem as organizaçõ­es criminosas.

No Mato Grosso do Sul, após um ano de investigaç­ões, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e a Corregedor­ia da Polícia Militar deflagrara­m a Operação Oiketicus de combate ao contraband­o de cigarros em 15 cidades do interior, além da capital do Estado.

“Quando você promove ações integradas, com inteligênc­ia, consegue resultados fantástico­s. Essas operações comprovam o que temos afirmado: o contraband­o tem uma ligação direta com as organizaçõ­es criminosas e não é uma coisa inocente, como muitos pensavam”, diz Edson Vismona, presidente-executivo do Etco (Instituto Brasileiro de Ética Concorrenc­ial) e da FNPC (Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidad­e).

O Etco entregou, para sete principais pré-candidatos à Presidênci­a da República, além dos presidente­s da Câmara dos Deputados e do Senado, um documento em que recomenda quais ações contra o contraband­o podem ter mais eficácia.

O instituto irá participar do encontro da Alac (Aliança Latino-Americana contra o Contraband­o), em Brasília, nos dias 28 e 29 de agosto para discutir ações coordenada­s contra o comércio ilegal nos 13 países da região.

“É nossa contribuiç­ão para aprofundar o debate e propor soluções para enfrentar o problema”, explica Vismona.

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