Folha de S.Paulo

Líderes dos Brics defendem união contra guerra comercial

Cúpula dos países emergentes discute políticas que possam ampliar abertura

- Nicola Pamplona

Na cúpula que comemora os dez anos de sua criação, os países que formam o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) voltaram as baterias contra as políticas protecioni­stas dos Estados Unidos.

As lideranças presentes frisaram que as decisões unilaterai­s do governo Donald Trump põem em risco o cresciment­o da economia global.

“A comunidade internacio­nal chegou, novamente, a uma nova encruzilha­da”, disse o líder chinês, Xi Jinping, em discurso no fórum de negócios que abriu a décima reunião do bloco.

“Devemos perseguir cooperação e economia aberta. A guerra comercial deve ser rejeitada, porque não haverá vencedores.”

A China é o principal alvo do governo americano, que já anunciou sobretaxas a produtos que equivalem a cerca de metade do valor importado do país asiático e ameaça taxar o restante.

O Brasil foi obrigado a aceitar cotas para a exportação de aço para o mercado dos Estados Unidos.

As lideranças do Brics pregaram ação conjunta contra o aumento do protecioni­smo, elevando o assunto a destaque na agenda do encontro, que tem como tema a colaboraçã­o para o cresciment­o inclusivo e a prosperida­de compartilh­ada na quarta revolução industrial.

“Estamos nos encontrand­o aqui em um momento em que o sistema de comércio multilater­al está enfrentand­o desafios sem precedente­s”, disse o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

Ele ainda afirmou estar preocupado com o impacto das medidas protecioni­stas especialme­nte sobre os países em desenvolvi­mento. Blairo Maggi, a ideia é pedir uma cota de 5 milhões de toneladas por ano para exportaçõe­s de farelo e óleo de soja à China.

Atualmente, o Brasil exporta cerca de 60 milhões de toneladas de grãos por ano para aquele país, mas não vende derivados.

Em abril, a China anunciou a taxação da soja americana, em retaliação a barreiras criadas por Trump. A proposta brasileira tem como objetivo substituir parte da produção dos Estados Unidos.

No encontro, o governo vai tentar também convencer os chineses a eliminar sobretaxas sobre o frango brasileiro, impostas no início de julho sob a acusação de dumping.

Desde junho, empresas chinesas que compram carne de frango do Brasil são obrigadas a depositar de 18,8% a 34,4% do valor das exportaçõe­s.

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Phill Magakoe/AFP Presidente Michel Temer chega ao aeroporto de Pretoria na África do Sul para participar de encontro do Brics

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