Líderes dos Brics defendem união contra guerra comercial
Cúpula dos países emergentes discute políticas que possam ampliar abertura
Na cúpula que comemora os dez anos de sua criação, os países que formam o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) voltaram as baterias contra as políticas protecionistas dos Estados Unidos.
As lideranças presentes frisaram que as decisões unilaterais do governo Donald Trump põem em risco o crescimento da economia global.
“A comunidade internacional chegou, novamente, a uma nova encruzilhada”, disse o líder chinês, Xi Jinping, em discurso no fórum de negócios que abriu a décima reunião do bloco.
“Devemos perseguir cooperação e economia aberta. A guerra comercial deve ser rejeitada, porque não haverá vencedores.”
A China é o principal alvo do governo americano, que já anunciou sobretaxas a produtos que equivalem a cerca de metade do valor importado do país asiático e ameaça taxar o restante.
O Brasil foi obrigado a aceitar cotas para a exportação de aço para o mercado dos Estados Unidos.
As lideranças do Brics pregaram ação conjunta contra o aumento do protecionismo, elevando o assunto a destaque na agenda do encontro, que tem como tema a colaboração para o crescimento inclusivo e a prosperidade compartilhada na quarta revolução industrial.
“Estamos nos encontrando aqui em um momento em que o sistema de comércio multilateral está enfrentando desafios sem precedentes”, disse o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.
Ele ainda afirmou estar preocupado com o impacto das medidas protecionistas especialmente sobre os países em desenvolvimento. Blairo Maggi, a ideia é pedir uma cota de 5 milhões de toneladas por ano para exportações de farelo e óleo de soja à China.
Atualmente, o Brasil exporta cerca de 60 milhões de toneladas de grãos por ano para aquele país, mas não vende derivados.
Em abril, a China anunciou a taxação da soja americana, em retaliação a barreiras criadas por Trump. A proposta brasileira tem como objetivo substituir parte da produção dos Estados Unidos.
No encontro, o governo vai tentar também convencer os chineses a eliminar sobretaxas sobre o frango brasileiro, impostas no início de julho sob a acusação de dumping.
Desde junho, empresas chinesas que compram carne de frango do Brasil são obrigadas a depositar de 18,8% a 34,4% do valor das exportações.