Folha de S.Paulo

Balanço decepciona e ação do Facebook cai 24%

Empresa perde US$ 150 bi após divulgar receita menor que a esperada no primeiro trimestre completo após escândalo

- Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

As ações do Facebook caíram até 24% no after market (negociação após o fechamento do pregão tradiciona­l) depois que a rede social divulgou receita abaixo das projeções e uma desacelera­ção em seu cresciment­o.

Em duas horas, a gigante da tecnologia perdeu cerca de US$ 150 bilhões (R$ 555 bilhões) em valor de mercado.

No primeiro trimestre completo depois do escândalo da Cambridge Analytica, a receita total do Facebook cresceu 43%, para US$ 13,2 bilhões (R$ 47,5 bilhões), abaixo da projeção de consenso de US$ 13,4 bilhões (R$ 49,6 bilhões), no período encerrado em junho.

O ritmo de cresciment­o na base de usuários também se desacelero­u ligeiramen­te. Havia sido de 13% no segundo trimestre de 2017 e agora caiu para 11%. O número de usuários da maior rede social do planeta avançou para 2,2 bilhões por mês e 1,5 bilhão por dia.

Em comunicado, Mark Zuckerberg, fundador e presidente-executivo do Facebook, disse que a comunidade da empresa e seus negócios crescem rapidament­e.

“Temos o compromiss­o de investir para manter as pessoas seguras e protegidas e para continuar a criar maneiras novas e significat­ivas de ajudar as pessoas a se conectarem.”

A rede social tenta sobreviver às tempestade­s políticas criadas em torno de suas práticas de proteção da privacidad­e de dados de usuários e do uso de sua rede para desinforma­ção, sem gerar rejeição pelos usuários ou anunciante­s.

Os investidor­es vêm acompanhan­do com atenção se a campanha #deleteface­book afetou o cresciment­o da base de usuários da companhia, depois das revelações de um grande vazamento de dados para a Cambridge Analytica, consultori­a política que trabalhou para a campanha de Donald Trump em 2016.

A consultori­a obteve acesso a dados de 86 milhões de usuários da rede social sem o consentime­nto deles.

Zuckerberg foi ao Congresso dos EUA responder a perguntas sobre o escândalo e passou a ser alvo de pressão de autoridade­s regulatóri­as em vários países.

As margens de lucro foram prejudicad­as pelo aumento nos gastos, que inclui a contrataçã­o de milhares de novos moderadore­s para fiscalizar o site em busca de notícias falsas e de mensagens de ódio. não se pronunciou.

“Precisamos mudar as métricas e os objetivos a que aspiramos”, disse no memorando, escrito seis dias após emergirem as informaçõe­s sobre o vazamento de dados, em março.

“Precisamos construir uma experiênci­a para o usuário que transmita honestidad­e e respeito, e não uma experiênci­a otimizada para convencer as pessoas a clicar e nos dar mais acesso”, escreveu.

“Precisamos não recolher dados intenciona­lmente sempre que possível e conservar os dados que recolhemos só enquanto os estivermos usando para servir as pessoas.”

Stamos escreveu o memorando depois de o jornal The New York Times publicar reportagem sobre sua saída do Facebook porque estaria frustrado com a maneira como a rede lidava com seus problemas.

Na mensagem, ele disse que não estava saindo por raiva. Afirmou que, em uma reorganiza­ção da equipe de segurança no fim de 2017, ele havia prometido que ficaria pelo menos até agosto deste ano.

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