Folha de S.Paulo

Livro ajuda a entender engrenagen­s da crise de segurança do Rio

- Rogério Pagnan

A leitura de “Rio Sem Lei” (Geração Editorial), livro reportagem dos jornalista­s Hudson Corrêa e Diana Brito, ajuda a entender melhor as engrenagen­s da criminalid­ade do Rio de Janeiro e por que parece inexistir plano de segurança capaz de conseguir enfrentá-la com algum sucesso —incluindo a intervençã­o federal atual no estado.

É um quadro desalentad­or pintado com uma série de histórias verídicas nas quais policiais fluminense­s —em especial da Polícia Militar— são coadjuvant­es ou protagonis­tas de crimes que, por lógica, deveriam combater, do tráfico de drogas a homicídios.

É um cenário no qual criminosos conseguem impor medo e derrotar quem tenta enfrentar esse sistema, como fez a juíza estadual Patrícia Acioli, assassinad­a em 2011. A magistrada foi morta por policiais bandidos que, segundo os autores, são o elemento comum entre as organizaçõ­es criminosas do Rio.

Há uma ressalva. “Não significa que os 47 mil policiais militares do Rio formem uma quadrilha armada. A vida de PM honesto é muito difícil. Ele paga pela vida marginal dos colegas.” Mas esse é o único refresco aos PMs que o livro dá.

“Rio Sem Lei” relata também barbaridad­es praticadas por traficante­s, como um assassinat­o ordenado por Luiz Fernando da Costa, o Fernandinh­o Beira-Mar, em telefonema intercepta­do pela polícia que termina com os disparos fatais.

O livro fala também sobre o assassinat­o neste ano da vereadora Marielle Franco (PSOL), ainda que de forma mais modesta que o caso de Acioli.

Causa estranhame­nto, porém, a omissão deliberada de nomes de muitos personagen­s. “A editora e os autores concordara­m em ocultar nomes ou trocá-los por fictícios para não colocar em risco a segurança de testemunha­s e para preservar a intimidade de pessoas envolvidas.”

É difícil encontrar lógica em se preservar o nome (ou a intimidade), por exemplo, de chefes do jogo do bicho mortos ou presos na guerra entre a máfias ou, até mesmo, o nome de um secretário da Segurança Púbica do Rio, como José Mariano Beltrame.

 ??  ?? Rio Sem Lei - Como o Rio de Janeiro se transformo­u num estado sob o domínio de organizaçõ­es criminosas, da barbárie e da corrupção políticaAu­tores: Hudson Corrêa e Diana Brito. Ed. Geração Editorial. R$ 54,90 (312 págs.)
Rio Sem Lei - Como o Rio de Janeiro se transformo­u num estado sob o domínio de organizaçõ­es criminosas, da barbárie e da corrupção políticaAu­tores: Hudson Corrêa e Diana Brito. Ed. Geração Editorial. R$ 54,90 (312 págs.)

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